Um tradicional boteco, do bairro Exposição em Caxias do Sul, fechou suas portas nesta quarta-feira. O clima de festa que marcou a inauguração do Bar do Bigode há 27 anos foi revivido na despedida promovida por frequentadores do estabelecimento de Sérgio Ávila, 63 anos. Um churrasquinho na calçada do prédio, que fica na esquina das Ruas Santos Dumont com Vereador Mário Pezzi, marcou a última noite do bar.
O marceneiro e assador da carne, Marcelo Sislaghi, 48, não conteve as lágrimas ao recordar sua relação com o bar. Sislaghi conheceu o Bigode nos tempos em que estudava no Colégio Estadual Henrique Emílio Meyer, vizinho ao bar.
- Frequento aqui desde 1986 quase que diariamente. O bar vai deixar saudades, porque foram grandes momentos vividos aqui.
Quem conhece Ávila há tempos sabe o porquê do estabelecimento ser chamado Bar do Bigode. O bigodão ia até quase o queixo. Hoje, ele o mantém um pouco mais recatado, mas não perdeu a habilidade em conquistar clientes. Foi por isso que deixou de ser empregado e resolveu abrir um negócio próprio, em 1983.
- Todo mundo dizia que eu era de frequentar balcão e devia tentar trabalhar atrás deles. Foi uma aposta que fiz e deu certo. Vim aqui para ficar um ano e acabei ficando 27 - orgulha-se.
Quando o bar abriu, a região era calma. Além de vizinhos, passou a receber frequentadores de toda a cidade, atraídos pelo sistema inovador do bar: os pedidos eram servidos no balcão e também por uma janelinha lateral. Os mais fiéis iam um dia sim e o outro também.
- Tem empresário, advogado, médico, jogador de futebol, gente de todos os tipos. Juntos, formamos uma sociedade - define Bigode.
Por mais clientela que tivesse, o proprietário do bar não teve forças para enfrentar a especulação imobiliária. O prédio alugado por Bigode é uma das poucas construções antigas que sobrevivem em uma das áreas mais valorizadas de Caxias.
- Vou fechar porque vão demolir o prédio e construir um condomínio residencial. Dizem que esse prédio foi construído em 1947. Só se vê gente chorando aqui hoje, inclusive eu - justifica o proprietário.
Há possibilidade de Ávila abrir o Bar do Bigode em outra região, mas ainda não definiu quando, nem onde. Primeiro quer tirar férias prolongadas, algo que não faz há 27 anos.
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