As marcas impressas no chão onde um morador de rua foi encontrado pichado, no amanhecer da Sexta-feira Santa, devem ajudar a esclarecer o mistério em torno do caso.
Com base em uma perícia que será solicitada ao Instituto-geral de Perícias (IGP) no local onde ele dormia, na esquina da Rua Lobo da Costa com a Avenida João Pessoa, na Capital, a polícia pretende verificar dados como o tipo de tinta utilizada e a forma como foi feita a aplicação.
A convicção do delegado Paulo César Jardim, da 1ª Delegacia da Polícia Civil, é de que houve dois momentos distintos do caso: o primeiro, quando aconteceu a pichação ao sem-teto Vanderlei Pires, 35 anos, e um segundo, quando um jovem foi flagrado por uma testemunha urinando nos pés do morador. O suspeito, que se apresentou no sábado à polícia, depois de ter sido localizado pelo número da placa do Polo branco que dirigia, é o professor de educação física Guilhermo Simões Verfe, 25 anos. Ele prestaria depoimento ontem à tarde, na 1ª DP, mas, segundo seu advogado, Rafael Ariza, o horário foi transferido por uma incompatibilidade de agendas. Ainda não há nova data marcada.
Como o morador de rua apareceu pintado de prateado nos dois lados do corpo, embora o contorno de seu corpo na calçada indica que ele dormia de lado, o delegado investiga a hipótese de que Pires tenha pintado o próprio corpo. A suspeita é negada pela vítima, que ontem repetiu à polícia o que havia dito a Zero Hora no dia anterior: não lembra de nada, mas acredita que os agressores tenham virado seu corpo para pintá-lo dos dois lados.
- Ele já sofreu uma violência, agora a autoridade policial quer ofertar uma culpa a ele antes de investigar - criticou o advogado da vítima, Jefferson Cardoso.
Desconhecido por artistas
O delegado Paulo César Jardim, da 1ª Delegacia da Polícia Civil, recebeu telefonemas de moradores que apontavam semelhança entre a vítima e artistas de rua da Esquina Democrática, na Capital.
Ontem, artistas que trabalham como estátua viva no local, como Alexander Rodrigo Maciel, 30 anos, afirmaram desconhecer o sem-teto Vanderlei Pires.
- Artista de rua ele não é, a gente se conhece. Já vi ele, é só morador de rua. Eu sou o único artista de rua que se pinta de prata por aqui agora, antes tinha um outro - disse.
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