O secretário de Saúde Eliseu Santos foi morto a tiros na noite desta sexta-feira, no bairro Floresta, em Porto Alegre. Polêmico e com posições firmes, ele marcou a sua trajetória política com entraves em diversos setores da sociedade. Confira algumas delas:
Operação Pathos
Em janeiro, a Polícia Federal anuncia investigação sobre existência de suposta organização criminosa que teria desviado R$ 9 milhões dos cofres de Porto Alegre entre 2007 e 2009. Segundo o Ministério Público Federal, o grupo atuaria enquanto o Instituto Sollus trabalhava junto à prefeitura gerenciando postos da Capital. Eliseu Santos disse que deu início às investigações.
A própria contratação do Sollus em 2007 foi motivo de polêmica por ser desconhecido no Estado. Partidos de oposição e o Ministério Público Estadual contestaram a contratação, feita sem licitação. Na época, Eliseu defendeu a qualidade do instituto. Em agosto de 2009, a prefeitura rescindiu o contrato com o instituto por problemas na prestação de contas.
Cobrança de propina
Em maio de 2009, Renato Mello, diretor administrativo da empresa Reação, encarregada então pela segurança de postos de saúde de Porto Alegre, denuncia que Marco Antônio de Souza Bernandes, ex-coordenador da assessoria jurídica da Secretaria de Saúde, pedia dinheiro em nome de Eliseu Santos para caixa de possível campanha do secretário para deputado federal. Bernardes negou pedido de dinheiro e Santos disse que iria processar criminalmente quem usasse seu nome. Ordenou também abertura de sindicância para apurar irregularidades.
Polêmica religiosa
Lei sancionada por Eliseu Santos como prefeito interino em abril de 2008 estabeleceu multa para quem deixar restos de animais mortos em vias públicas e se transformou em uma polêmica entre religiões. Sentindo-se vítimas de preconceito, seguidores de religiões afrobrasileiras protestaram na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Apresentado pelo vereador Almerindo Filho (PTB), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, o projeto foi sancionado pelo então prefeito interino, Eliseu Santos (PTB), ligado à Assembleia de Deus.
Proibição a carroceiros
Assumiu a prefeitura de Porto Alegre no início de setembro de 2008 para que Fogaça se dedicasse à campanha eleitoral e sancionou em 10 de setembro a lei que proíbe a circulação de carroceiros na área urbana da Capital. Ela deverá ser cumprida pela administração municipal até 2016. Em troca, as famílias de carroceiros e carrinheiros deverão receber outra alternativa de renda.
Nomeação de ex-mulher
Na campanha de 2004, os então candidatos a vice Maria do Rosário (PT) e Eliseu Santos (PTB) tiveram debate tenso no programa Polêmica, na Rádio Gaúcha. Rosário acusou Eliseu de ter contratado sua ex-mulher, Sônia Santos, como auxiliar parlamentar na Câmara de Vereadores. Rosário tinha na mão o requerimento de nomeação de Sônia, assinado por Eliseu e com timbre da Câmara. Ofendido, Eliseu pediu direito de resposta, que foi concedido. O apresentador Lauro Quadros encerrou o Polêmica às 11h enquanto os dois candidatos batiam boca ao fundo.
Demissão em massa
Rescisão de contrato entre a Secretaria da Saúde da Capital e a Fundação de Apoio da UFRGS resulta na demissão de 731 funcionários do Programa de Saúde da Família, em agosto de 2007.
Na Assembleia
Eleito por dois mandatos, entre 1995 e 2002, Eliseu Santos foi presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Desengavetou o projeto de criação do Código Estadual do Meio Ambiente e iniciou uma negociação entre hospitais filantrópicos e o governo para a criação do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir). Na tribuna, costumava fazer discursos duros, criticando promessas não cumpridas. Foi incluído entre um grupo de parlamentares que destinavam verba de subvenção social para assessores. Na época, disse que o funcionário beneficiado era "igual aos outros, carente, que precisa de ajuda".
Na Câmara
Entre 1993 e 1994, esteve na Câmara de Vereadores. Chegou a pensar em renúncia, contrariado com os conflitos em plenário, mas logo passou a participar dos debates acalorados entre os colegas.
Na carreira
Contava ter se formado em Medicina para atender pessoas sem condições financeiras, depois que sua família foi obrigada a pagar um médico para atender um sobrinho que corria risco de vida.
O local da morte:
Visualizar Secretário da Saúde de Porto Alegre é encontrado morto em um mapa maior
