
Um sonho de 20 anos que pode ser realizado em 90 minutos. Quando o time do Caxias pisar no gramado do Estádio Centenário neste sábado (11), às 17h, diante do Floresta, pela última e decisiva rodada do quadrangular final da Série C, talvez nem mesmo os comandados de Júnior Rocha tenham ainda a real dimensão do que estará em jogo. Afinal, quem passou as últimas duas décadas debaixo de chuva e de um sol escaldante nas arquibancadas de concreto da casa grená foi o torcedor do clube. É ele que anseia, mais do que ninguém, pelo retorno do clube à segunda maior divisão do futebol brasileiro.
O dia era 10 de setembro de 2005, e o Caxias se despedia do Campeonato Brasileiro da Série B com uma derrota para o Náutico, em Recife, por 3 a 1. Num campeonato onde 22 equipes participaram e seis foram rebaixadas, o Grená penou muito durante a competição a acabou em último lugar.
Mas se há 20 anos não havia como deixar a lanterna, desta vez, a equipe de Júnior Rocha poderá sair do último lugar do Grupo B e conquistar a vaga como segundo melhor colocado. Contudo, não basta vencer o seu duelo. O Grená precisará contar com o apoio do Londrina. Uma vitória paranaense sobre o São Bernardo deixará o Caxias em condições de brigar pelo acesso. Além disso, um dos vencedores terá que ter um placar superior a um gol. É possível acreditar? Júnior Rocha sempre acreditou.
— Desde o primeiro dia que eu cheguei aqui estou convencendo a todos que dá. Todos. E eu ainda permaneço com essa mesma postura. Com esse mesmo entusiasmo. Enquanto tiver esperança, a gente tem chance. Nós temos que fazer a nossa parte aqui e deixar o restante nas mãos de Deus — declarou o técnico após o último treinamento com a equipe na manhã de sexta-feira (10).
Nunca vai faltar o que nós vamos deixar sábado aqui, que é a nossa alma dentro de campo
JÚNIOR ROCHA
Técnico do Caxias
O treinador grená se apega naquilo que o elenco já produziu em campo para acreditar na conquista da vaga. Afinal, o Caxias foi o líder da primeira fase, com 12 vitórias em 19 jogos.
— Quando eu cheguei aqui, ninguém imaginava que nós estaríamos nessa situação hoje. Pegamos um grupo desacreditado, onde a gente foi construindo tijolinho por tijolinho durante todos os dias dos treinamentos a evolução de todos. E chegamos vivos na última rodada — lembra Júnior Rocha, que completa:
— Poderia ser diferente? Poderia. O que eu teria que fazer? Poderíamos ter feito os nossos gols, aí seria totalmente diferente. Faltou capacidade do treinador, e eu estou aqui justamente para sempre assumir toda a responsabilidade, sem problema nenhum.
Apoio da torcida
E para que às 19h o torcedor grená que estiver no Estádio Centenário pela última vez nesta Série C do Brasileiro derrame lágrimas de felicidade, Júnior Rocha faz um apelo:
— Contamos demais com o que o clube tem de mais importante, que é o seu torcedor. O maior patrimônio do clube é a sua torcida. Eu sei o quanto esse clube é tradicional. E se Deus quiser, nós vamos conseguir o objetivo. Mas se não conseguirmos, o Caxias e o seu bem maior, que é o seu torcedor, vai continuar sempre forte.
E ao final dos 90 minutos, o resultado do jogo com os cearenses determinará se, em 2026, o Caxias parte do zero em busca do sonhado acesso ou se terá um calendário cheio, um orçamento maior e, acima de tudo, um alívio de mais de 20 anos.
— A atmosfera do Centenário, poucas vezes eu vi na minha carreira. Nunca vai faltar o que nós vamos deixar sábado aqui, que é a nossa alma dentro de campo — finalizou Júnior Rocha.





