
O Caxias campeão gaúcho de 2000 contou com a eficiência de sua direção para manobrar os problemas financeiros do clube e agir na base da criatividade para formar o elenco vitorioso.
E uma das negociações que fez com que um titular absoluto na equipe de Tite parasse no Estádio Centenário envolveu o rival, o Juventude.
Na época vice-presidente grená, Ênio Costamilan se aproveitou de um interesse da Parmalat — empresa parceira do Juventude — em um atleta do Caxias, o lateral-esquerdo Luciano Almeida, para fazer um bom negócio.
— O Luciano tinha participado no Juventude, e estava com prestígio muito alto. Eu queria que ele retornasse. Mas, ao mesmo tempo, ele era a riqueza de valores pra podermos qualificar a equipe. E o seu Ênio (Costamilan) disse: "Óh, o Juventude quer e eu vou me reunir com eles lá". Eu falei que queria o Gil Baiano — lembrou o técnico Tite, que ainda completou:
— O Gil jogava muito. Nós jogamos contra o Inter, o Enciso era o volante. A bola ia quicar antes. Ele passa da bola e, quando ela quica, vem o Enciso e ele dá uma "chapeleta" e sai do outro lado. Eu digo: "Meu Deus do céu!" (levando as mãos ao rosto). Ele faz coisas surpreendentes. Visionário. Um 10. Ele era 8 mas que fazia o 10. Gostava muito dele. Ele era do grupo que foi campeão brasileiro com o Bahia (1988), mas ele era jovem — recordou Tite.
Na negociação, o vice-presidente Ênio Costamilan queria mais atletas envolvidos na troca.
— Quando o seu Ênio foi negociar, eu disse a ele pra pegar dois jogadores (na troca). Se vier o Gil, pega dois. Ele olhou pra mim e disse: "Dois? Eu vou pegar três!". Aí ele veio de volta com o Gil. Ele treinou no mesmo dia — destacou Tite.
E Gil Baiano acabou se transformando numa peça essencial ao time e artilheiro, ao lado de Adão, com sete gols no Gauchão de 2000.
— Seu Ênio fez a negociação com a Parmalat, na época no Juventude, para que se construísse também esta equipe — finalizou Tite.