
Uma campanha vitoriosa muitas vezes é forjada em meio as dificuldades. E no elenco do Caxias que disputou o Gauchão de 2000 não foi diferente.
Um dos grandes responsáveis pela conquista grená em 2000, o goleiro Gilmar Dal Pozzo recordou um momento considerado por ele como fundamental para que, no final, o Caxias desse a volta olímpica em Porto Alegre.
— Foi uma mudança de comportamento do Tite, ainda lá na fase classificatória, num jogo em que a gente foi a Veranópolis, tinha surgido toda essa questão de salários atrasados no clube. Nós estávamos extremamente desmotivados, porque é difícil trabalhar com salários atrasados, e a gente perdeu esse jogo por 4 a 2. E a gente foi muito mal, inclusive eu joguei muito mal, teve três gols que eu tomei que eram defensáveis. Eu lembro que o Gil Baiano foi bem naquele jogo, um, dois jogadores, e o restante da equipe foi mal. E esse jogo foi num sábado, e a reapresentação era pra ser na segunda, e o Tite antecipou pro domingo — relembra Gilmar, que concluiu:
— Aí ele reuniu nós no vestiário. E meu amigo, eu conhecia o Tite já fazia uns 10 anos, já tinha trabalhado com ele em outras equipes, Veranópolis e Guarany de Garibaldi, e o homem desceu da cruz, literalmente. Ele fez uma cobrança muito forte pra todo o grupo, individualmente, e ele começou comigo.
Padrinho de casamento de Gilmar, Tite não poupou a dose da cobrança ao seu compadre.
— Ele fez uma cobrança muito forte por nossos comportamentos. Lá naquele jogo em Veranópolis, que a gente ficou muito abaixo, foi um time apático, e ali a gente entendeu o recado. Nós mudamos completamente o nosso comportamento, entendemos a cobrança, que foi uma cobrança profissional. E ainda lembro que ele falou que era a grande oportunidade que nós teríamos de marcar história no clube e mudar a nossa trajetória, mudar de patamar. O Tite era aquela fala mansa, cobrava com palavras bonitas, e nesse dia ele desceu da cruz— completou Gilmar.