
O atacante Edgar Feijó, de 18 anos, nascido em Caxias do Sul, personifica a ambição de jovens talentos brasileiros. Há quase três anos, ele se mudou para Portugal em busca do sonho europeu, e constrói uma trajetória de resiliência e crescimento. O jogador, que passou pelas categorias de base de Juventude, Apafut e Caxias, hoje atua no futebol português.
Agenciado pelo renomado empresário Jorge Baidek, Edgar defende atualmente o Estrela da Amadora, clube da primeira divisão de Portugal. Sua história, marcada por potencial e maturidade para encarar desafios, foi contada em entrevista exclusiva ao programa Show dos Esportes, na Rádio Gaúcha Serra.
— Eu comecei a assistir muitos jogos da Champions League com 12 anos. Naquela época era o auge do MSN (Messi, Suárez e Neymar) voando. Então, eu assisti um 6 a 1 do Barcelona para cima do PSG. Eu fiquei maluco. Virei para o meu pai, para a minha mãe e disse que queria jogar bola, ser jogador de futebol. Então, quando eu vejo, minha mãe já está me levando para a escolinha do Juventude e comecei ali — comentou Edgar.
— Esse jogo do Barcelona contra o PSG foi a primeira virada de chave dele. Ali ele absorveu o mundo do futebol. O Edgar sempre teve predisposição para o esporte. Ele tinha uma vantagem, que acompanha ele até hoje. Ele tem uma explosão para o tiro curto e essa velocidade começou a aflorar. No colégio, eles chamavam ele para jogar no futsal e eu via que ele tinha uma habilidade — conta o pai Carlos Eduardo Finimondi Feijó.
Como foi para Portugal?
A jornada de Edgar Feijó em Portugal começou em 2022, aos 15 anos. Quando atuava no Caxias, ele foi apresentado a um empresário por meio de um colega de time e amigo pessoal. Isso impulsionou um estágio de três meses na Europa.
— Surgiu a opção para dois clubes, um estágio para dois clubes em Portugal, e um na Croácia. Então, fomos pela lógica, ficar num lugar mais simples, e aí que a gente chegou em Portugal — afirmou o pai do jogador.
No primeiro clube, o Coimbrões, Edgar e seu pai notaram a presença da IFT (Individual Football Training), uma empresa que oferecia aperfeiçoamento físico e técnico. Ele iniciou os treinamentos com a IFT, e essa parceria se estendeu.
— A IFT me ajudou muito. Eu tinha uma certa dificuldade de resposta rápida. Então, a IFT fez um diferencial na minha vida. Tanto no treino, quanto nos jogos. Me deixava mais motivado também. Eu gosto muito de treinar — disse Edgar.
Posteriormente, apesar de um teste inicial frustrado no Leixões devido a burocracia e sua menoridade — o que o desanimou por não poder ser inscrito —, o atacante persistiu. Ele passou por Rio Tinto e Salgueiros, onde ganhou experiência treinando com elencos profissionais e no time B. Após quase dois anos de espera, retornou ao Leixões e finalmente pôde fazer suas estreias oficiais.
Mesmo com os percalços, Edgar manteve a forma e a mente focada graças aos treinos no clube e com a IFT, especialmente sob a tutela do "Míster Mário" (Mário Ferreira), que o motivou nos momentos difíceis. O destino sorriu quando Mário foi contratado como treinador do time B do Estrela da Amadora.
— Ele me ajudou bastante. Em diversos momentos, quando eu estava bem desanimado, ele ia lá e me botava para cima, e vamos, porque vai dar certo, vai dar certo. E deu certo, deu — lembrou Edgar.
A emoção do pai

A chegada de Edgar Feijó a Portugal, aos 15 anos, foi marcada por desafios inesperados e a falta de informações cruciais. Segundo seu pai, a dupla não estava preparada para a "segregação" e as complexidades legais que enfrentariam.
Inicialmente, a ilusão de que a adaptação seria mais simples devido à semelhança da língua, mas a realidade com a falta de transparência sobre os processos se mostraram um grande obstáculo. Por dois anos, Edgar, ainda menor de idade, precisou lidar com promessas não cumpridas, a necessidade de frequentar uma escola com horários incompatíveis, com os treinos noturnos, e a luta para se regularizar.
— Nessa história toda, o Edgar era um menino de 15 para 16 anos. Nós fomos iludidos que jamais imaginei que ia ter questões legais pra tratar. Foram dois anos e esse menino aqui é forte. É forte — conta emocionado seu Carlos.
A virada definitiva para Edgar aconteceu em novembro do ano passado, poucos dias após completar 18 anos. Ele e seu pai obtiveram a cidadania italiana em Gazzo Veronese, província de Verona, na Itália. Esse passo foi crucial, pois em Portugal e na Europa, mesmo cidadãos europeus precisam de um atestado de moradia e, mais importante, de um certificado de cidadão europeu para poderem trabalhar e serem registrados em clubes.
Toda essa burocracia foi superada em silêncio e com resiliência. O esforço valeu a pena: em 28 de janeiro de 2025, Edgar foi oficialmente inscrito no Leixões e, apenas quatro semanas depois, já estava sendo reinscrito no Estrela da Amadora, agora na Liga portuguesa.
— O mais complicado foi essa questão na papelada. Foi complicado ver todo mundo sendo feliz jogando e eu ficando na arquibancada assistindo. Foi pesado. Muito complicado — relembrou Edgar.
Baidek como representante

A busca por representação à altura do talento de Edgar Feijó levou seu pai a procurar Jorge Baidek, uma figura respeitada no futebol gaúcho e com grande prestígio em Portugal, onde foi jogador e técnico.
Em setembro do ano passado, o pai de Edgar conseguiu o contato e ligou para Baidek, buscando elevar o patamar da carreira do filho atacante. Apesar do carinho pelo Rio Tinto, onde Edgar estava, a visão era de futuro e de um clube maior para o jovem, que, segundo Baidek, tinha potencial para isso. O empresário orientou que Edgar entrasse em contato assim que obtivesse a cidadania.
— Eu tenho um amigo que conhecia o Baidek. Em setembro do ano passado, e eu pensando sobre a cidadania e pensando que tínhamos que aumentar o nível. Precisamos de alguém que desfrute de crédito e possa nos representar a altura da entrega que ele tá fazendo. Eu liguei pro Baidek e pedi se ele podia me atender — contou o pai.
A oportunidade se concretizou logo após Edgar completar 18 anos. Em novembro do ano passado, ele e seu pai conseguiram a cidadania italiana. No mesmo dia, o pai de Edgar ligou para Baidek, que acionou seus contatos. Em questão de horas, um diretor do Leixões, que estava na África, foi contatado e Edgar, nos dias seguintes, já estava fazendo testes.
A importância de Baidek foi notável. Em dezembro, Edgar já estava no Leixões, assinando o contrato do jogador. O empresário demonstrou ser um verdadeiro "pai" na carreira de Edgar, abrindo portas cruciais no futebol português.
— Esse é o Baidek. Ele simplesmente fez aquilo que pessoas do bem fazem e é um é um pai pro Edgar. Dia 28 de dezembro, do ano passado, o Baidek estava em Matosinhos, na Grande Porto, na sede do Leixões assinando um contrato com ele — finalizou seu Carlos.
Ouça a entrevista no Show dos Esportes
Conheça mais sobre Edgar
Nome completo: Edgar Cerbaro Finimondi Feijó
Saudade da infância: Conviver com seus pais
Com quantos anos começou a jogar futebol? 12 anos
Momento mais marcante no futebol português: Ser inscrito por um clube de primeira liga, pra mim, está sendo o maior troféu nesse momento
Principal referência como jogador: Neymar
Estádio que você sonha em conhecer: Santiago Bernabéu
Quem é o melhor jogador do mundo hoje: Vini Jr.
A melhor seleção do mundo hoje: Espanha
Sonho: Chegar no topo; ganhar um título grande com a seleção ou talvez até com o clube sabe uma Champions League ou quem sabe uma copa do mundo
O que faz nas horas vagas: joga vídeo game
Uma curiosidade: sou um bom cozinheiro
Um agradecimento: Eu joguei na Apafut e teve uma pessoa que fez uma diferença bem grande pra mim. Eu estava num momento desanimado. Não queria mais jogar. Então o Jeferson Borges, um cara espetacular, fez eu sair de casa. Eu já não queria mais. Quem me puxou pra fora de casa foi o Jefferson.
O que aprendeu no futebol português: Eu desenvolvi bastante (em Portugal) jogar sem a bola. Me posicionar saber o que eu tenho que fazer, porque uma hora o time com a bola em tal formação. Sem a bola muda totalmente.
O que gosta de fazer mesmo de férias: Eu gosto muito de treinar. Eu sempre tento me manter bem, me alimentando e treinando bem. Eu tenho uma equipe formada pelo Renan Martins, que trabalha comigo na academia da Inkore e o Diego Arizzi, um baita profissional que vem me ajudando no campo. Três vezes por semana na academia de manhã duas vezes por semana no campo.