
O centroavante mineiro Adão chegou ao Caxias no segundo semestre de 1999, quando o time disputava a Série C do Brasileiro. O Grená foi eliminado na terceira fase, para o Serra-ES. E o que restou foi a preparação para o Gauchão do ano seguinte, em meio à desconfiança do torcedor.
— Eu precisei de um período, até tive um pouco de dificuldade quando eu cheguei, porque estava vindo da Coreia do Sul. Fiquei um tempo lá, um ano e meio, e voltei. Fiquei uns três meses parado ainda, resolvendo problemas burocráticos, de contrato, até que eu fiquei livre para negociar, e na minha chegada, eu estava bem abaixo. Um jogador como eu, jogador de força, estava um pouco aquém, e eu tive um pouco de dificuldade — apontou Adão, que ainda fez uma revelação:
— O Tite sempre nos treinamentos, pedindo calma, dizendo que as coisas iam dar certo, que era uma adaptação. E teve um momento que eu tive até para sair, ir para o Criciúma. Aí depois, as coisas foram engrenando e daí decidi que o lugar pra ficar seria aqui mesmo.
O centroavante da conquista poderia não ter permanecido no Estádio Centenário e mudado os rumos da história daquele Gauchão.
— Poderia, e meus gols iam fazer falta — brincou Adão.
Campanha vitoriosa
O centroavante permaneceu e marcou sete gols durante a campanha no Estadual, sendo o artilheiro do time ao lado do meia Gil Baiano. E, apesar de não ter marcado nas finais contra o Grêmio, foi peça importante no esquema de Tite para prender os zagueiros e abrir espaço para que outros jogadores definissem no 3 a 0 construído no duelo de ida, no Centenário.
— Era um jogo que a gente entrou para decidir mesmo, porque sabíamos que era o primeiro jogo e ia dizer muito no jogo final no Olímpico, porque se a gente vai para lá com 1 a 0 ou 0 a 0, dificilmente a gente conseguiria. Não fiz gol nesse jogo, mas o time estava bem demais e dividíamos bem essa responsabilidade.
Gil Baiano, Ivair e Márcio Hahn marcaram para o Caxias. E no jogo da volta, em Porto Alegre, só um milagre mudaria os rumos da conquista.
O Grêmio bem que tentou ganhar mais tempo para reverter o placar. O jogo, inicialmente marcado para domingo, dia 18 junho, foi adiado por causa da chuva e transferido para quarta-feira, dia 21.
— Pra gente foi complicado, né? Porque tínhamos toda uma logística, nós já estávamos em Porto Alegre, concentrados, e pouco antes do jogo deu uma neblina, disseram que não tinha condição de jogo. Era uma garoa. E precisamos mudar toda a logística, voltar a Caxias, então isso aí foi meio complicado, mas foi combustível pra nós — recordou Adão.
O time grená foi competente para segurar o Grêmio, sair de campo com o 0 a 0 e levar a taça pra Serra Gaúcha. A partir da conquista, o próximo desafio da equipe seria enfrentar uma multidão calorosa que tomava conta das ruas de Caxias do Sul.
— O que me lembro bem foi a chegada aqui em Caxias. Foi uma coisa, assim, muito grande, né? A cidade estava parada, e aquela loucura, uma noite fria, e a gente desceu aqui no aeroporto, carro de bombeiro, até chegar no Estádio Centenário. Foi uma penitência (risos) — finalizou Adão.