A partida entre Juventude e Ceará, no último sábado (12), no Estádio Alfredo Jaconi, foi muito além das quatro linhas. Quando o goleiro alviverde Gustavo Almeida entregou uma de suas luvas e abraçou o pequeno Lucas, de apenas quatro anos, a vitória já estava garantida antes mesmo de a bola rolar. O ato, que pode parecer simples aos olhos de quem assiste, foi sem dúvidas repleto de representatividade para as pessoas diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
No momento da entrada dos times em campo, enquanto o Hino Nacional era executado, Gustavo e Lucas começaram a conversar e, prontamente, iniciaram uma amizade. Sensível ao toque por conta do TEA, Lucas surpreendeu até mesmo os pais ao abraçar o goleiro e aceitar que ele colocasse uma de suas luvas em sua mão.
– A parte que mais me emocionou foi quando ele colocou a luva na mãozinha dele e deu um abraço, pois sabemos da sensibilidade dele com o toque físico. Para nós, representou um sentimento de segurança por parte dele, pois, antes de entrar no gramado, ele estava bem nervoso – detalha a mãe de Lucas, Maiara Taís Santos da Silva de Lima.

O trecho dessa troca de afeto entre os dois viralizou na internet, levando o goleiro a reencontrar Lucas e seus pais para entregar um par de luvas e um quadro eternizando o momento, com uma dedicatória especial.
— Foi um momento muito especial, uma troca de energias única. Quando entramos em campo, senti que ele estava muito à vontade comigo. Ele começou a olhar minha luva, ficar curioso, e eu não pensei duas vezes em colocar nele. Quando recebi o abraço, foi uma retribuição do afeto e do carinho. Fui para o jogo muito mais motivado, e a vitória dentro de campo certamente foi para o ‘Luquinhas’ —conta Gustavo.
Movimento 'Jaconistas'
reforça visibilidade
A ação do Juventude em propor a entrada de crianças com TEA no início da partida vai ao encontro de um movimento que surgiu dentro do clube chamado ‘Jaconistas’. O projeto conta com cerca de 100 pais de crianças diagnosticadas com o espectro cadastrados. Em dois camarotes dedicados exclusivamente para a causa, eles podem acessar o estádio em dias de jogos de forma gratuita.
— É uma contrapartida social do clube. Os camarotes do Jaconi são restritos, mas mesmo assim tratamos essa destinação como um investimento, nunca como um custo. Os pais não estão acostumados com isso. Eu recebo muitas mensagens deles emocionados. Acaba virando um incentivo para toda a família vir ao estádio também —explica o Diretor de Marketing e Ações Sociais do Juventude, Fabiano Pizetta.