Segundo pesquisa feita com moradores de Caxias do Sul pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), os brinquedos seguem como a preferência de presente para o Dia das Crianças. Foram entrevistadas 593 pessoas e mais da metade afirmou que optará por comprar esse item na data que se comemora neste domingo (12).
Uma das curiosidades dos pequenos — e dos adultos também — é saber como os brinquedos são feitos. Em Caxias, a prefeitura não tem levantamento do número de fábricas de brinquedos que existe na cidade. Visitamos uma delas para entender mais sobre o processo e como as peças são feitas antes de chegarem nas mãos das crianças, além de falar com um desenvolvedor.
A GGB Brinquedos, há mais de 20 anos no mercado, surgiu a partir do desejo de Ernesto Boff, diretor industrial, e Iracilda Boff, diretora administrativo-comercial. Atualmente, eles também contam com o filho, Giovani, como diretor de desenvolvimento de produtos.
Por muitos anos, Ernesto foi fornecedor de brinquedos para uma outra empresa. Quando esse parceiro encerrou as atividades, resolveu que era hora de investir no segmento. Além dos brinquedos, no início também fazia vasos para floriculturas. O primeiro produto foi um caminhão, que segue até hoje em linha.
— Tu tens que pensar o que vai fazer, fazer protótipo, fazer projetos, dar andamento, comprar matéria-prima, colocar na matrizaria (para fazer os moldes que serão injetados), produzir, fazer testes e só depois colocar no mercado — conta.
Toda a produção é feita na fábrica que fica no bairro Presidente Vargas. Atualmente, a GGB conta com mais de 500 produtos no mercado, que vão desde blocos de montar, passando por carrinhos, cadeirinhas, itens educativos e uma linha de "faz de conta". De acordo com Iracilda, a empresa produz, em média, 5 milhões de brinquedos por ano. Todos passam por auditorias para comprovação da qualidade.
Na GGB, nas máquinas injetoras, onde a matéria-prima (o plástico) é colocada, é onde os brinquedos começam a tomar forma. Uma equipe especializada atua na montagem daqueles que necessitam a união de várias peças, como os carrinhos e castelos. Os cartonados, como cartas e jogos de tabuleiros, são feitos em parceiros comerciais, mas organizados na fábrica de Caxias.
— Para produzir brinquedos existe uma norma específica de segurança, assim como a de alimentos, é muito rigorosa — explica Iracilda.
A elaboração e o desenvolvimento
A ideia dos brinquedos produzidos pela GGB passam por Giovani. Atualmente como diretor de desenvolvimento de produtos, ele lembra de quando era criança e caminhava pela fábrica ao lado dos pais:
— A criança se impressiona quando vê o brinquedo, mas se ela for na produção e ver a peça saindo da máquina, ver várias partes de produtos virarem um produto final, vai se impressionar mais ainda.
Após um primeiro desenho feito, normalmente à mão, o diretor encaminha as ideias para empresas desenvolvedoras. Cada produto tem um parceiro específico que faz a parte digital, como os desenhos em programas de computador, que depois passam pela aprovação final antes de se iniciarem os protótipos. As necessidades do mercado são, muitas vezes, descobertas na Abrin, principal feira do setor da América Latina, e que acontece sempre no mês de março em São Paulo.
— Lançamos mais de 60 produtos por ano, e são mais de 100 ideias. Muitas vezes chegamos a fazer 10 versões de um produto para definir qual vai ser o final, e, às vezes, acaba que a primeira versão vai ser a melhor de todas, mas faz parte do processo — conta Giovani.

Recentemente, a GGB fechou uma parceria com a Warner Bros. A fabricante caxiense irá produzir itens com super-heróis da DC Comics, como Batman e integrantes da Liga da Justiça. Os brinquedos devem entrar no mercado em 2026.
Uma ideia amadurecida por décadas
Projetista formado no Senai, Roberto Mozzi carregou por 20 anos a ideia de um brinquedo. O "Acorda Coruja" foi lançado no mercado em 2022, mas o desejo já vinha com ele desde a década de 1990. Se trata de um boneco, jogador de futebol — disponível na versão masculina e feminina — feito à base de polipropileno e que, com um acionamento pela cabeça, chuta uma bola. O objetivo é derrubar uma coruja (referência a uma das tantas histórias do esporte em que seria o local onde a ave dorme, no canto da goleira), e que, também de plástico, fica posicionada no travessão.
Com o brinquedo pronto, Mozzi criou a empresa Bim. Hoje, também trabalha em uma matrizaria, a Cirna, em Caxias do Sul, local onde faz as injeções e montagem do "Acorda Coruja".
A partir do momento em que resolveu colocar o brinquedo no mercado, foram cerca de seis meses entre os primeiros projetos, feitos em uma impressora 3D, e a finalização.
— O mais complicado foi fazer o sistema de apertar a cabeça e chutar. É um brinquedo muito resistente, foram projetos, tentativas e erros até chegar na versão final. O que atrasou um pouco foram as matrizes (para injetar o plástico), um pouco mais demorado, além do custo, adesivos, (certificação do) Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) — conta.
Uma das intenções do produto, conforme Mozzi, é fazer com que as crianças deixem de utilizar as telas e possam ter um brinquedo físico para se distrair. Com o pensamento na infância, lembra que, quando era pequeno, já fabricava alguns em casa.
— Brinquedo a gente ganhava uma vez por ano, quando tinha festa. Lembro de ter ganho um caminhãozinho, eu tinha poucos. Meu primeiro skate eu que fiz. Também fiz vários caminhões de madeira, eu fazia os meus brinquedos — lembra.
O "Acorda Coruja" já foi apresentado ao mercado na feira Abrin, em 2023. Logo após, Mozzi chegou a iniciar negociações com o Benfica, um dos maiores times de futebol de Portugal, para fazer uma linha licenciada; no entanto, o processo não foi adiante. No mesmo ano, participou da Feira do Grafeno, na UCS, e fez uma edição do brinquedo que leva o material.
Atualmente, a Bim está em fase de adequações de uma loja física, além de estar elaborando outros brinquedos. No entanto, tanto lojistas como pessoas físicas podem comprar pelo site da empresa e rede sociais. Cada unidade é vendida, para o público final, a R$ 49,90.



