
O Conexo, hub de inovação da Randoncorp, nasceu como uma ferramenta de inovação e mudança de cultura no conglomerado com sede em Caxias do Sul. Cinco anos desde a criação, a coordenação da plataforma estima que pelo menos 8 mil pessoas por ano são impactadas, além da materialização de pelo menos 150 projetos com o objetivo de otimizar processos nas atividades do grupo. Ao mesmo tempo, tornou-se um ambiente para a conexão de empresas, startups, universidades, instituições e pessoas.
O head do Conexo, Bruno Bazanella, explica que para alcançar esse objetivo a plataforma atua a partir de quatro pilares: Desenvolvimento de Lideranças e Talentos; Letramento Digital e Produtividade; Antecipação de Tendências e Conexão com o Ecossistema. Na prática, a plataforma oferece capacitações e cria um ambiente para impulsionar soluções.
— Também estamos tentando reinventar algumas coisas na forma de se relacionar. A Conexo, para mim, simboliza um pouco esse novo jeito de pensar. É verdade que quando entramos ali no espaço tem pouca cara de indústria, tem pouca cara de semirreboque. Mas é porque a Randoncorp não é só isso. Estamos fazendo esse movimento de posicionar o hub para ajudar também não só os nossos colaboradores e as suas famílias, mas também a comunidade a pensar um pouco diferente sobre esse futuro que é mais colaborativo, é mais tecnológico, é mais sustentável — afirmou Bazanella.
Levar esse impacto para comunidade e a região é mais um dos objetivos da plataforma. Para isso, mais uma ação foi lançada em celebração aos cinco anos do Conexo. Dois programas gratuitos, voltados aos públicos de pessoas com 50 anos ou mais e mulheres são oferecidos ao público em geral - as inscrições começam a partir das 10h de segunda-feira (18) (confira mais no fim da reportagem).

Acelerando a evolução de cultura
"Como instrumentalizar um processo de desenvolvimento?": essa foi a pergunta que guiou a criação do Conexo, como relembrou Bazanella. O primeiro objetivo da plataforma era acelerar a evolução de cultura interna e a adoção de novas tecnologias. O desafio, no caso, é que o grupo tem 19 mil funcionários a serem alcançados. Disso, surgiram ações significativas do hub, como eventos e capacitações para colaboradores. Ao mesmo tempo, há programas, como o Exo, que buscam o investimento e a aceleração em projetos com soluções nas mais diferentes áreas do grupo.
— Quando olhamos para a linha industrial, que o core da Randoncorp é fábrica. Agora, estamos diversificando, tem serviços financeiros, tem outras coisas. Mas o DNA é industrial. Éramos muito bons em fazer automação dentro da fábrica. Mas não tínhamos robôs em área administrativa. Hoje, eu não sei precisar a quantidade de robôs que temos nas áreas administrativas. Apoiando os colegas a fazerem — avaliou o coordenador.

Desenvolvimento de Lideranças e Talentos
Para sustentar o crescimento do grupo, um dos pilares é o desenvolvimento de lideranças e talentos. O programa é coordenado pela Conexo e prepara colaboradores de diversos setores. Com a ampliação dele, desde o ano passado a plataforma oferece os cursos para outras empresas da região a partir das chamadas trilhas, montadas a partir da necessidade de cada negócio. Cerca de 200 líderes foram formados pela iniciativa.
Na Randoncorp, quem participou dessa capacitação foi a líder de processos administrativos Kaori Machado, 30 anos. Pela primeira vez neste ano, Kaori assumiu um papel de liderança. O curso, tocando em temas como autoconhecimento, engajamento de time, influência, comunicação, inteligência artificial, e pontos mais estratégicos, trouxe uma "virada de chave" para a líder:
— O programa aumentou muito a minha confiança. Eu consegui realmente trazer autenticidade para o dia-a-dia. Não é um programa que vai te trazer um modelo pronto. Ele desperta que tu consiga, através de trocas, da construção junto com os facilitadores, com os colegas que participam também, vamos percebendo que, mesmo em contextos diferentes, os desafios são parecidos. No meu dia-a-dia, percebi que eu passei a me posicionar mais, consegui me conectar, que foi uma virada de chave.

Para a líder fiscal Camila Maschio, 39, a experiência também foi "engrandecedora". Camila percebeu que o curso, bastante prático, trouxe aprendizados importantes para a rotina. Um exemplo citado por ela foram as lições sobre as diferenças geracionais e a forma de se comunicar com cada grupo, o que a líder conseguiu imediatamente colocar em prática.
— Na rotina atual que temos não dá tempo de tu ficar olhando para toda a teoria das questões de administração, relacionamento com pessoas e gestão. Então, entender na prática, ter exercícios na prática e conviver com pessoas que já são gestores ou que têm uma liderança às vezes até informal, sem cargo, e depois conseguir aplicar o que elas vivem e o que tu vive, o que se aprendeu lá é muito produtivo — relatou Camila.
Habilitando novas tecnologias
Outro pilar responsável pela adoção e capacitação de novas tecnologias é o do Letramento Digital. No Conexo, como lembra Bruno Bazanella, foram criadas trilhas que vão desde situações como automação de processos administrativos e adoção de inteligência artificial até a atualização de ferramentas como o pacote Office. A capacitação, na prática, é mais uma forma de otimizar o trabalho dos colaboradores. Mais de 700 pessoas foram impactadas apenas por esse programa.

É o caso do analista de PCP Paulo Almeida Sousa, 51. Sousa participou de uma trilha de hiper automação, em que aprendeu mais sobre ferramentas que são úteis ao trabalho dele, como o Power BI, usado para análise de dados, e até mesmo aplicativos que simplificam tarefas em programas como o Excel.
— No Excel, eu tinha que estar todo dia de manhã fazendo vários trabalhos para gerar alguma informação. Agora eu chego de manhã, gera um relatório, só salvo ele e já tenho o dashboard pronto. Eu consigo até aprender um pouco mais porque, geralmente, abaixamos a cabeça e acabamos perdendo tempo, tu não tem aquele tempo de te especializar um pouquinho mais. E aí, conseguindo mais tempo, tu começa a olhar um pouquinho mais para melhorias — contou Sousa.

A analista de marketing Elvige Picinini, 52, participou da jornada de Power Tools, focada em ferramentas do pacote Office. No espaço, Elvige encontrou a oportunidade de mais uma capacitação, atualizando conhecimentos que já tinha. A analista relembra como é importante a busca contínua por conhecimento para manter-se no mercado de trabalho. Formada em Comércio Exterior, ela recém concluiu a terceira pós-graduação.
— É tudo como bagagem, é conhecimento. E a última pós, por exemplo, eu estava cursando ela quando surgiu a oportunidade de voltar para a Randon. E eu tenho certeza que isso também foi um diferencial — relatou a analista, que voltou há um ano para empresa.

Busca por soluções
Outro pilar da plataforma que pode potencializar projetos passa pela busca por soluções. Como recordou Bazanella, a iniciativa passa por programas do Conexo como o Exo, o primeiro a ser desenvolvido. Mais de 150 pessoas já participaram do programa. Em resumo, práticas que mostram-se úteis ou inovadoras são mapeadas e trabalhadas para serem adotadas nas empresas da Randoncorp.
— Eles vão desde o mapeamento do processo, identificação de gargalos, olham para os indicadores que querem impactar, fazem uma fotografia com dados do que é a área dele naquele momento de início de projeto e vamos para o mundo procurar alternativas. Então, vai olhar para outros segmentos, vai olhar para startups, vai olhar dentro das nossas empresas quais são as boas práticas, porque é muito grande — explica o head do Conexo.
Exemplos são o uso de drones para inventário cíclico ou o uso de IA em gestão de demanda. Ao mesmo tempo que os projetos trazem impactos positivos para toda uma rede, eles também impactam em trajetórias profissionais. Quando foi convidada a participar do Exo, no início do programa, a especialista de cultura organizacional Milena Modena, 34, atuava na área de controladoria. Ela foi convidada com o objetivo inicial de melhorar o Centro de Serviços Compartilhados (CSC). No fim do processo, Milena notou que queria dar outro rumo à carreira:
— Ao mesmo tempo que conduzimos uma mudança de cultura na empresa, acabamos se desenvolvendo com isso, aprendendo, vendo outras possibilidades de carreira. Eu entendi que não queria mais atuar em finanças e controladoria. Hoje, eu sou especialista de cultura. Atuei por bastante tempo, segui com inovação, com projetos, e me apaixonei por essa frente. Sou suspeita para falar da Exo, porque realmente foi um divisor de águas e foi muito positivo para minha carreira.
Um dos projetos em que Milena participou e que impactou diretamente na vida de colaboradores da empresa foi relacionado ao transporte. A startup caxiense Murbi, voltada ao transporte fretado, foi incorporada à rotina do grupo. Da mesma forma que auxilia os funcionários com o próprio transporte, fornece mais dados para gestão e controle das rotas.
— O funcionário baixa o aplicativo do Murbi e consegue ver o ônibus em tempo real. Então, ele está indo para a parada, o ônibus está vindo. Ele sabe, não precisa ficar muito tempo na parada esperando, consegue consultar a rota. O funcionário novo chega na Randoncorp, baixa o aplicativo e consegue ver as rotas disponíveis conforme o local que ele vai precisar utilizar — descreve a especialista de cultura organizacional.

Conexões
Da mesma forma que mapeia projetos junto a colaboradores e os une com startups, o programa Exo pode ser uma porta de entrada para investimentos do grupo por meio de empresas como a Randon Ventures - que, inclusive, divide o espaço físico com a Conexo, na Rua Atílio Andreazza. Um desses exemplos é uma startup de Novo Hamburgo, a Sirros IoT, uma das primeiras com quem a plataforma trabalhou.
Fundada em 2016, a empresa de Internet das Coisas comercializa dispositivos voltados para Indústria 4.0, com o objetivo de conectar máquinas com plataformas em nuvem que permitem visibilidade do que está sendo produzido, quanto está produzindo, se está sendo eficiente, entre outros dados.
Em 2018, em uma Mercopar, a startup conectou-se com a Randon e implantaram o primeiro projeto em uma das fábricas do grupo. Com o contato, a startup passou a atender grandes empresas e notou a necessidade de captar recursos, como recorda o COO e cofundador, Diego Schlindwein, 38. A oportunidade surgiu na mesma época em que o Conexo estava nascendo e uma das empresas envolvidas foi a Ventures.
— Íamos estar dentro da Conexo também e tudo veio meio junto. Então, em 2022, nós fechamos o investimento com a Randon, e junto entrou a ArcelorMittal e o BR Angels. Os três entraram juntos e a Randon liderou a rodada. Desde então, viemos numa crescente, devemos ter mais ou menos triplicada de tamanho — relembrou Schlindwein.
Desde então, a parceria foi fortalecida. A Sirros, além de participar de eventos da Conexo, também se tornou residente do espaço físico - a plataforma da Randon também disponibiliza ambiente de coworking. Estar inserido ali, como destacou o cofundador, também trouxe negócios com outras empresas. Ao todo, a Sirros atende empresas em dez estados.
— A gente tem pessoas que ficam residentes em Caxias, dentro da Conexo lá, buscando se conectar com outras empresas. A gente se conectou com outras empresas, inclusive, através da Conexo, então o fato de ter esses eventos é interessante porque chama pessoas de toda a região da Serra — contou.
Além do Programa Exo, o Conexo também tem programas como o Start, em que projetos de empreendedorismo podem ser apresentados para uma banca de executivos e se existir a possibilidade de ser incorporado em alguma unidade, ele avança.
Capacitações oferecidas à comunidade
Para celebrar os cinco anos, o Conexo oferece para comunidade os programas de desenvolvimento de lideranças e letramento digital. O primeiro é voltado às mulheres, enquanto o segundo é destinado ao público de 50 anos ou mais. Ao contrário do que acontece rotineiramente, as capacitações são voltadas a comunidade em geral. Nesse caso, os interessados não podem ser colaboradores da Randoncorp. As informações para inscrição estarão disponíveis a partir desta segunda (18) no site da Conexo.
— Quando falamos sobre o cuidado com as pessoas, sobre a construção de alianças, sobre como equilibramos as urgências do dia a dia, essa visão de futuro. Então, eu vejo que agora estamos no momento de ampliar um pouco o impacto e ajudar mais pessoas e mais empresas a fazerem as suas jornadas de transformação — conclui Bazanella.
Além dos programas, a plataforma organiza o CO4U, que é um evento anual promovido pela Conexo que reúne experiências, networking e debates sobre transformação cultural e digital. Será realizado em 23 de outubro e também celebrará o aniversário do espaço.
Rotineiramente, a Conexo também realiza às super terças, com palestras e workshops. Informações sobre inscrições estão nas redes sociais da plataforma.




