
Mais do que comunicar localização, cardápio e horário de funcionamento, o Instagram se tornou, ao longo do tempo, a vitrine virtual de bares, lanchonetes e restaurantes. É o que aponta um estudo divulgado pela Brazil Panels, empresa que se dedica a pesquisar os hábitos de consumo do brasileiro.
Segundo a consultoria, 70,2% dos mais de 2,5 mil entrevistados em todas as regiões do país já foram a um restaurante após visitar a página do estabelecimento no Instagram.
Em Caxias do Sul, cidade reconhecida pela farta gastronomia e que tem ampliado a sua oferta de estilos nos últimos anos, não é diferente.
Antes de surgir no ponto físico, alguns estabelecimentos já marcam presença nas redes sociais e não raro optam inclusive por divulgar as reformas em uma espécie de contagem regressiva para a inauguração.
Atentos à presença no digital, restaurantes apostam em uma espécie de editoria que rege as publicações para que a página não fique apenas com um aglomerado de fotos e vídeos. Essa é a preocupação do gestor de cozinha que está à frente da Abasto, Augusto Soster, que mantém a boa relação com a equipe de marketing para alinhar o volume de publicações.
— É sempre um alinhamento. Na semana passada, queria mais movimento e focamos no tráfego pago na redondeza. No início foi difícil entender qual era o nosso público. Quando identificamos que a maioria era de mulheres, focamos em publicidade direcionada. A imagem que a gente passa nas redes sociais é uma união do que eu quero com o que a equipe de marketing consegue fazer. Discutimos os caminhos, mas sempre usando um manual da marca que respeita as cores, por exemplo — conta Soster.
Novo nicho para os profissionais da fotografia

A necessidade de construir uma página que transmita o espírito do restaurante criou um novo segmento para fotógrafos e criadores de conteúdo que oferecem serviços para profissionalizar a comunicação dos estabelecimentos.
Na área do marketing há quase 10 anos, a fotógrafa Pauline Gazzola Bado passou a dedicar seu trabalho principalmente para o ramo gastronômico. O desafio é traduzir a imagem que os restaurantes querem passar aos clientes:
— Me chamam e dizem que precisam do meu trabalho porque quando os clientes encontram um conteúdo bonito a tendência é que escolham a partir dele. Clientes desistem quando encontram uma página mal cuidada, então o digital é uma porta para novos clientes. É automático quando indicam um restaurante ir para o Instagram para ver o que esperar dele.
Chef divulga a gastronomia oriental

Para divulgar o que restaurante oferece, a história e as convicções. Na era da experiência, é isso que o chef do Noiashi, Gustavo Soldatelli, quer comunicar. Para isso, conta com o Instagram para dizer ao cliente que sua forma de preparo do sushi é diferente daquela comercial e abrasileirada, que utiliza ingredientes industrializados.
— Fazemos todos os preparos aqui. A ideia era nem fazer muito Instagram, porque alguns restaurantes apresentam uma coisa na internet e no presencial é outra. A ferramenta me ajuda muito, mas postamos o que realmente servimos. Comunicamos sobre culinária, tipos de corte, pescados disponíveis e principalmente no que acreditamos enquanto culinária oriental. Tento passar essa imagem de um restaurante mais tradicional do que comercial.
Para conquistar o público, é preciso padrão e consistência

A partir de então, gestores dos restaurantes que estão sempre atentos com o padrão da comida oferecida passaram a acumular a atenção com o padrão das publicações para que o cliente encontre a mesma refeição na mesa que aquela que viu no Instagram.
Quando isso ocorre, e deveria ocorrer sempre, o cliente se torna, conforme o chef Ramon Zampieri, proprietário do Suolo, uma espécie de agência indireta que divulga o restaurante de forma orgânica no seu Instagram pessoal.
— Trabalhamos com serviço, não estamos na rua e é a forma que temos de divulgar nosso produto. Tendo um bom celular com uma boa câmera já dá para fazer muita coisa, mas mais importante que os vídeos e fotos bem estruturados é a agência que te dá uma estratégia de publicidade. Da mesma forma que temos um padrão da comida que precisa ser igual sempre, a nossa comunicação é igual. Para conquistar o público caxiense é preciso padrão e consistência.
"O consumidor busca coisas verdadeiras"
O Segh Uva e Vinho, sindicato empresarial que representa estabelecimentos de 20 municípios da Serra, orienta para que a ferramenta seja utilizada em benefício do empresário e da marca. Para a diretora Márcia Ferronato, é preciso ser honesto com a clientela e apresentar na tela do celular o mesmo que é servido.
— Temos muitas consultas individuais de restaurantes que querem mudar e precisam de ajuda nesse aspecto digital. Percebemos que o consumidor busca coisas verdadeiras, às vezes a foto não precisa ser a melhor do mundo, mas se o cliente perceber verdade ele irá comprar.





