
Caxias do Sul teve um saldo negativo de 202 vagas formais de emprego no mês de maio, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O saldo é resultado de 7.547 admissões e 7.749 demissões. Dos cinco setores analisados, dois foram negativos: indústria (-267) e agropecuária (-144).
Em contrapartida, o setor de comércio foi quem mais gerou vagas no quinto mês deste ano, com saldo de 137 novos postos de trabalho, seguido de serviços (51), e construção (21).
Vagas de trabalho em Caxias no mês de maio

Na opinião do doutor em Economia e pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (Ipes), da Universidade Caxias do Sul, Mosár Leandro Ness, a queda na geração de vagas no setor da indústria pode estar indicando um reposicionamento da indústria local, mas a tendência é apresentar resultados mais positivos nos próximos meses. Acredita que o desempenho negativo em maio seja algo passageiro.
– O que se pode dizer é que a indústria local vem enfrentando algumas dificuldades, principalmente com o revés do agronegócio. Embora a produção do agro em âmbito nacional tenha aumentado, a opção de investimento por parte dos agricultores ainda é pequena. E com isso não existe a compra de novos equipamentos – comenta o economia.
Já a queda das vagas no setor agropecuário é considerada natural para o período, por ser uma época de entressafra. Mas isso deve mudar nos próximos meses.
– Vamos ter agora uma aceleração, entre julho e agosto, quando é feita uma nova recontratação de temporários para finalizar as podas – acredita Ness.
Movimentação dinâmica no mercado
O desempenho na geração de vagas em Caxias no mês de maio também mostrou que o mercado de trabalho foi bem dinâmico, na opinião do professor Mosár Ness.
– Tivemos mais de 7 mil contratações e mais de 7 mil demissões. Quer dizer que o mercado de trabalho local apresentou um movimento bastante expressivo. Só que acabou com um fluxo de saída maior do que entrada. Mas significa que existe uma troca de trabalhadores entre as funções, entre as empresas, uma revitalização do mercado de trabalho – analisa.
Contudo, Ness acredita que o resultado do mês não é um sinal de alerta, a não ser que os próximos meses revelem desempenhos negativos semelhantes.
– Precisaria ter mais um, dois ou três meses com esses saldos negativos, para se alarmar. Senão, vamos manter o nível de atividade da economia local em pleno funcionamento – finaliza o economista.
Cenário de atenção na indústria
Já o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), Ubiratã Rezler, avalia que os números indicam um cenário de atenção para o segundo semestre. Em abril, por exemplo, o setor gerou 35 vagas (de um saldo de 2.828 contratações e 2.793 demissões).
Mesmo que a cidade esteja quase que em pleno emprego, Rezler comenta que as indústrias estão com desafios perante o mercado internacional e também no mercado interno, por conta de políticas como as de incentivo e a elevação dos juros, o que dificulta em investimentos.
— A mão de obra está muito difícil também. Estamos com dificuldade de mão de obra. Mesmo desligando, não conseguimos fazer as reposições necessárias. E o mercado está decrescendo — avalia o presidente do Simecs.




