
Caxias do Sul será a sede, pela segunda vez, de um evento destinado a debater soluções para a geração de energia a partir de resíduos sólidos. Trata-se da 4ª edição do Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que ocorre de 12 a 14 de abril na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Criado na cidade em 2017, a programação retorna após a realização das duas edições seguintes no Paraná e em Santa Catarina.
O fórum, que volta a ser presencial, pretende debater o panorama atual do mercado e as perspectivas para futuro, contando com plenárias de discussão, painéis temáticos, visitas técnicas, apresentação de startups e participação de empresas ligadas ao setor, entre outras atrações. Também são esperadas participações de pesquisadores, acadêmicos e produtores rurais, já que um dos potenciais da tecnologia é a geração de energia a partir dos resíduos de fazendas.
— Se o produtor de suínos, por exemplo, consegue tratar os resíduos produzindo Biogás, ele consegue aumentar a produção. Nosso objetivo é fomentar o uso de biogás no nosso estado para a sustentabilidade, mas também com olhar para a economia — afirma a Suelen Paesi, coordenadora do Fórum.
Entre os palestrantes já confirmados estão o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e Pietro Sampaio Mendes, secretário-adjunto da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia. Também estão previstas atividades paralelas, como pactos de negócios, visitas técnicas e reuniões.
Qualquer interessado pode participar, mas é necessário se inscrever pelo site oficial. Os valores variam de R$ 450 a R$ 760. O Fórum é realizado pelo Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), pela Embrapa Suínos e Aves e UCS.
Baixo impacto ambiental
O biogás se origina em resíduos orgânicos, seja produzido por animais em propriedades rurais, seja lixo residencial, por exemplo. Atualmente, a maior parte desses dejetos é descartada. Além de ocupar espaço no meio ambiente, a decomposição dos resíduos lança dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera, gases que contribuem para o aquecimento global.
— Com nosso resíduos, poderíamos estar gerando energia e estamos enterrando nos aterros e despejando nos rios e mares — alerta Suelen.
A geração de energia ocorre com a colocação dos desejos em um reator, onde a ação de bactérias transforma a substância gerando o biogás. Além da geração de energia elétrica, o resultado da reação também pode ser aproveitado em aquecimento residencial e até mesmo em abastecimento veicular.
— A purificação do metano gera o mesmo efeito do gás natural dos veículos — explica a pesquisadora.
Após a reação, o resto dos dejetos se transforma em biofertilizante, permitindo um aproveitamento quase completo do que inicialmente era apenas lixo e causando baixíssimo impacto ambiental. Conforme Suelen, se o Brasil aproveitasse todo o potencial de produção energética a partir dos resíduos sólidos atingiria 84,6 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano, o equivalente a 60% da energia produzida atualmente. Hoje são 670 usinas instaladas em todo o país, inclusive em propriedades rurais, das quais apenas 39 estão no Rio Grande do Sul.
— Poderíamos ser o país mais verde do mundo — finaliza Suelen.