Plural e feminino. Assim encerra o último final de semana da 41ª Feira do Livro de Caxias do Sul. Pelo menos esse é o foco da programação que promete movimentar o público neste sábado (11), enfatizando temas como maternidade, desejos e desafios de se apropriar da escrita. A participação confirmada de escritoras de peso como Bruna Beber, Natália Borges Polesso, Júlia Dantas e Diuli de Castilhos, destaca a produção de qualidade dessa nova geração de escritoras gaúchas. (veja mais abaixo os horários da programação).
No domingo (12) — último dia de Feira do Livro — o destaque da programação é o lançamento da Antologia do 59º Concurso Anual Literário de Caxias do Sul, seguido de sessão de autógrafos com os autores participantes do projeto.
Entre painéis, sessões de autógrafos e venda de livros, o segundo maior evento literário do Rio Grande do Sul deve fechar a edição de 2025, neste domingo, com mais de 120 mil visitantes, essa é a expectativa dos organizadores.
O olhar sobre o deslocamento da semifinalista do Prêmio Jabuti 2025
Natural de Jaquirana, mas criada em Caxias do Sul, Diuli de Castilhos retorna à Serra para apresentar Kitnet de Vidro, livro de estreia da poeta que chegou à etapa semifinalistal do Prêmio Jabuti 2025. O bate-papo agendado para às 15h na Galeria Gerd Bornheim será “como um dia de festa”.
— É a volta para a cidade onde eu cresci e senti as primeiras vontades de descrever. Essa é a primeira vez que eu retorno para Caxias com algo, como se pudesse devolver à cidade alguma coisa. Então, é um momento muito simbólico — avalia.

Solidão, deslocamento, afeto, família e sexo, são alguns dos temas que o público poderá explorar no livro da autora. A partir do olhar particular para o mundo, Diuli busca refletir sobre os movimentos da vida. Reflexão essa que alçou destaque nacional em uma das mais importantes premiações literárias do Brasil.
— Quando me inscrevi para o prêmio não criei expectativas. Era o básico que poderia fazer por mim e pelo meu trabalho. Foi uma grata surpresa me ver entre as semifinalistas, principalmente por ter sido um livro de uma editora pequena. Fiquei muito feliz aonde cheguei — comemora.
A dualidade da maternidade e de ser mulher
Também na Galeria Gerd Bornheim, às 17h de sábado (11), ocorre o encontro literário do grupo Leia Mulheres. A reunião irá debater A mulher de dois esqueletos, da premiada autora porto-alegrense Júlia Dantas — que aliás, estará presente no evento. Sob a ótica reflexiva, o livro discute os desafios de conciliar a maternidade com a dedicação à vida profissional da mulher, no caso da autora, a criação artística.

— Eu estava às voltas com essas questões. Fiz 40 anos, então era esse momento de decidir. Muitas amigas passavam pelo mesmo dilema. Decidi publicar esse livro para que outras mulheres também pudessem encontrar a sua resposta, a sua maneira de lidar com esses impasses. A gente ainda não tem todos os recursos necessário para essa decisão, então quanto mais gente falando sobre, melhor para a nossa reflexão — conta.
A inspiração do projeto surgiu com o livro Mães Arrependidas, de Orna Donath. A obra reúne entrevistas anônimas com mães que se arrependeram da decisão, isso porque nunca tiveram a oportunidade de se questionar sobre a possibilidade de não ter filhos. Conforme Júlia, a narrativa também busca ser um elo de apoio entre mulheres, que lidam com a pressão social da maternidade.
Os reflexos da tradução na literatura
Encerrando a programação do sábado (11), as escritoras e tradutoras Bruna Beber e Natália Borges Polesso irão compor o painel Entre palavras e melodias: os desafios da tradução. O evento, que ocorre na Galeria Gerd, às 19h, vai tratar da linguagem e da tradução de obras lançadas em outros países.
— É um processo em que a gente vai entrando com um pouco de receio, até com medo. Tem o receio de estar vestindo uma roupa que não é nossa, sabe? Mas tudo vai se assentando devagar e no final é um processo transformador, que com certeza influencia tanto como leitora, quanto como escritora — explica Natália.

Triplamente premiada com o Jabuti e vencedora do prêmios Açorianos, AGES (Associação Gaúcha de Escritores) e Minuano de Literatura, a autora de Amora (um de seus maiores sucessos), descreve a tradução como uma “espécie de acolhimento” em que o autor traz um texto para a nossa língua materna.
— A gente precisa encontrar o tom, o ritmo, as palavras, as expressões que condizem com o drama, com a intensidade. E tudo isso é um tipo de autoria e de criação, por assim dizer, em que a gente se experimenta e descobre muito da literatura.
Agende-se
As autoras participam de bate-papos e sessões de autógrafos neste sábado (11), na 41ª Feira do Livro de Caxias do Sul. Veja os horários:
Diuli de Castilhos
- 15h - Bate-papo Poesia e deslocamento, um bate-papo sobre o livro Kitnet de vidro, com Diuli de Castilhos e mediação de Roberta Saldanha, na Galeria Gerd Bornheim (Casa da Cultura).
- 16h - Sessão de autógrafos da obra Kitnet de vidro, de Diuli de Castilhos, no Espaço 1 da Praça Dante.
Júlia Dantas
- 17h - Encontro do Leia Mulheres sobre a obra A mulher de dois esqueletos, da autora Julia Dantas, sob coordenação de Roberta Saldanha, na Galeria Gerd.
- 18h - Bate-papo Maternidade e literatura: quantos futuros ainda cabem?, com Julia Dantas e mediação de Geneviève Faé, na Galeria Gerd.
Bruna Beber e Natália Borges Polesso
- 19h - Bate-papo Entre palavras e melodias: os desafios da tradução, com Bruna Beber e Natalia Borges Polesso, e mediação de Adriana Antunes, na Galeria Gerd.





