
A artista visual Leila Bohn inaugura nesta sexta-feira (10), às 18h30min, a exposição Somos mulheres! Seguimos, na Sala de Exposições do Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul.
A mostra propõe uma reflexão sobre memória, ancestralidade e a condição de ser mulher na contemporaneidade, articulando passado e presente, em obras que utilizam pintura, colagem e costura sobre objetos do universo feminino, como bojos, alças, extensores e etiquetas de sutiã.
Ao transformar esses elementos cotidianos em símbolos de resistência, Leila ressignifica padrões de beleza e desconfortos historicamente impostos às mulheres.
— Eu quis falar sobre o que não precisamos mais aguentar. Não precisamos suportar algo que aperta, nem viver presas a uma preocupação constante com a aparência. Somos muito mais complexas do que essa beleza dita como referência — afirma.
Entre as obras em destaque está Mapas mentais, que combina pintura, colagem e sutura para refletir sobre as cicatrizes e os pensamentos que atravessam a experiência feminina.

— A sutura me interessa porque acho que todos nós somos feitos de marcas e recomposições. Nesse trabalho, eu busco repensar o nosso lugar enquanto mulheres no século 21, como nos reposicionamos e como podemos construir um mundo mais equitativo e respeitoso — explica.
Outra série apresentada reúne tubos transparentes com pinturas inseridas em seu interior, explorando a ideia dos pensamentos que não podem ser compartilhados.

— Às vezes somos censuradas em nossas ações e expressões. Quis trazer essa sensação de contenção, mas também de resistência, junto com a projeção das sombras das obras, que acrescenta novas camadas de leitura — comenta.
A ancestralidade também atravessa a exposição de forma visceral. A artista, natural de Novo Hamburgo e hoje residente em Gramado, relaciona sua criação com memórias familiares, especialmente a da mãe, falecida recentemente.
— Percebo que tudo se conecta. Quando trabalho com bojos de sutiã, por exemplo, falo da pressão estética, mas também da amamentação, da doença, da minha história com minha mãe. É um processo de memória e reinvenção — relata.
Na abertura, Leila conduzirá a ação É elástico, não frouxo – conexões pelo fazer artístico, criando uma instalação a partir de alças de sutiã que formam uma teia de sustentação, metáfora da importância da rede de apoio entre mulheres. No sábado (11), às 14h30min, ocorre a oficina É meu, pode ser teu, e melhor ainda se for nosso – vamos cocriar?, em que o público será convidado a colaborar na criação de uma obra coletiva com rendas, tecidos e bojos de sutiã. As inscrições podem ser feitas neste link.
— Quero que o público se sinta cutucado, provocado de alguma forma. Para mim, a arte é um espaço de reflexão e de movimento. Não é sobre ser ‘bonito na parede’, mas sobre mexer, repensar atitudes, reposicionar desejos e abrir caminhos para novas conversas — conclui a artista.
Com classificação indicativa livre, a mostra poderá ser visitada até 2 de novembro, nas segundas, das 9h às 16h; terças a sextas-feiras, das 9h às 22h; e nos sábados, domingos e feriados, das 14h às 22h.
Programe-se
- O quê: abertura da exposição Somos mulheres! Seguimos, com a oficina É elástico, não frouxo – conexões pelo fazer artístico.
- Quando: sexta-feira (10), às 18h30min. Visitação até 2 de novembro nas segundas, das 9h às 16h; terças a sextas-feiras, das 9h às 22h; sábados, domingos e feriados, das 14h às 22h.
- Onde: Sala de Exposições do Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312 - Caxias do Sul).
Oficina “É meu, pode ser teu, e melhor ainda se for nosso – vamos cocriar?”
- Quando: sábado (11), às 14h30min;
- Onde: Sala de Exposições do Centro de Cultura Ordovás Filho.
- Inscrições gratuitas podem ser feitas neste link.



