
Da serenidade do atendimento domiciliar à determinação de quem escolheu a empatia como linguagem profissional, Gabrielle Debastiani Fochezatto constrói sua trajetória com delicadeza. A fisioterapeuta caxiense, filha de Ronei Debastiani e Adriana Maria Dani Debastiani é especialista em Geriatria e Gerontologia e, recentemente, engatou uma nova etapa acadêmica voltada à Espiritualidade e Saúde. Gabrielle casada com o empresário Maurício Fochezatto, é mãe de Maria Clara Debastiani Fochezatto, um ano, e doura até os dias atuais com estrelas em seu currículo pela inesquecível imersão de ter representado a cidade como princesa da Festa da Uva 2014. Mas para além dos títulos, diplomas e funções, há nela uma vocação que pulsa no zelo pelo outro. Seu olhar para o idoso vai muito além da técnica: é acolhedor e atento a alma de quem vive o envelhecer. Nesta entrevista, Gabrielle compartilha os caminhos que a trouxeram até aqui e revela como o amor aprendido em casa se tornou uma missão de vida.
O que é o bom da vida? É acordar todos os dias com saúde para desfrutar desse presente que é simplesmente estar vivo. É estar rodeada de boas pessoas e poder fazer o que eu amo. Isso que faz a vida valer a pena.

Como nasceu o desejo de cuidar de pessoas idosas? Desde pequena, esse cuidado já residia em mim. Fui criada com meus avós, Carlos Debastiani e Divina Colombo Debastiani (in memoriam) e convivi com a rotina do envelhecer. Aprendi dentro de casa o verdadeiro significado da palavra cuidar. Ainda adolescente, comecei a trabalhar no consultório do médico geriatra Roberto Luís Bigarella, onde despertou minha admiração pela área. Apesar de ter me interessado inicialmente pela fisioterapia estética, foi com os idosos que encontrei meu propósito. Não era só profissão. Era missão. Era amor. E é isso que me move diariamente.

Como a espiritualidade se manifesta em seu ofício? Está no olhar, na escuta e na presença. Acredito que meu trabalho vai além do físico e que muitas dores dos pacientes são, na verdade, dores da alma. Em cada casa, sinto que estou sendo guiada por Deus, que faz de mim um instrumento de cura. Trato o corpo, mas também toco o coração de quem está diante de mim.

Qual foi o impacto da especialização em Geriatria e Gerontologia na sua visão sobre o envelhecimento? Mudou completamente a forma como eu enxergo o envelhecer. Antes, via com foco nas perdas; hoje, sou capaz de enxergar potência, dignidade e sabedoria. Aprendi que o idoso não é um corpo fragilizado, mas uma história viva e que o cuidado com essa fase deve ser feito com respeito, estímulo e muito afeto.

Como foi representar Caxias do Sul como princesa da Festa da Uva 2014? Foi uma verdadeira faculdade da vida. Eu tinha 21 anos, vivi momentos de troca, emoção e aprendizado intensos. Conheci comunidades, ouvi histórias e senti na prática o significado de pertencimento. Essa experiência reforçou meu desejo de me conectar com as pessoas de forma ainda mais sensível. Foi uma honra levar no peito o nome da cidade e representar meus antepassados.

Como é estar tão perto de seus pacientes? Estar dentro do lar de quem precisa de cuidado é uma das maiores riquezas do meu trabalho. Cada casa e rotina carregam lições de vida. O atendimento domiciliar exige sensibilidade, empatia e respeito. Apesar dos desafios, como ambientes não adaptados ou limitações emocionais, o vínculo criado é o que torna único. Sou muitas vezes recebida como parte da família. É nesse encontro que reafirmo todos os dias o propósito que escolhi viver: cuidar com amor.
Raio-X
- A maior lição que aprendi.. é a de que, no cuidado, não é sobre o que fazemos, mas sobre estar presente na vida do outro.
- Um projeto que ainda quero tirar do papel é... o desejo de transbordar o que tenho aprendido, compartilhar aquilo que a vida, os estudos e a prática me ensinam todos os dias.
- Se eu pudesse resumir minha missão em uma frase, seria... cuidar com o coração, conhecimento, empatia e fé para levar dignidade, presença e carinho.
- Livro de cabeceira: Neurociências e Longevidade, organizado por Bruna Velasques e Pedro Ribeiro. O conteúdo reforça a importância do equilíbrio entre corpo, mente e espírito .
- Filme que me inspira: As Confissões de Schmidt, dirigido por Alexander Payne.