Na coluna anterior, falei da importância de separarmos cinco dias inegociáveis dentro de um mês. São dias que reservamos na nossa agenda para realizar atividades que trazem uma sensação de realmente aproveitar o tempo em vez de sofrer com a efemeridade das coisas. O primeiro dia é para se organizar, o segundo dia para se desconectar das redes sociais e voltar ao presencial, o terceiro dia é para fazer turismo na própria cidade, e o quarto dia é de reconexão com as pessoas que realmente importam na nossa vida. O que, então, ficou para o quinto dia?
O quinto dia inegociável, segundo o portal Selfcare Withwall, deve ser dedicado a uma miniaventura.
Bem, eu definitivamente não faço o estilo “aventureira”. Ninguém jamais vai me ver pulando de paraquedas, escalando uma montanha, saltando de bungee-jump: essa coisa de adrenalina via aventuras radicais simplesmente não faz sentido pra mim. Por mais que tais atividades sejam seguras em teoria, sou avessa aos momentos “uhuull”.
Contudo, eu gosto de me aventurar no sentido original da palavra no latim: advenire, ou seja, “o que vai chegar”, “o que está por acontecer”. Resumindo, aventura tem muito a ver com tornar o inédito uma nova parte da minha vida: experimentar, provar, sentir pela primeira vez. “Aventurar-se” etimologicamente significa “entregar-se ao que vier” ou “arriscar-se no que pode acontecer”, não necessariamente se colocar em perigo. E cada pessoa sabe o que pode se tornar uma pequena ou grande aventura em suas próprias circunstâncias: o frio na barriga será o mesmo.
Para mim, por exemplo, começar a ler um livro novo é como embarcar numa odisseia. Neste exato momento, estou lendo o último livro do Dan Brown — autor do best-seller O Código da Vinci — e ando acompanhando o Dr. Robert Langdon pelas ruas de Praga desvendando mais um mistério que me prende por 552 páginas. Em temporada de Feira do Livro de Caxias do Sul, e em breve da Feira do Livro de Porto Alegre, não custa nada lembrar que a leitura é o passaporte para a aventura mais acessível que há. Juro que enquanto leio sinto a adrenalina disparar, mas aquela adrenalina boa que traz uma sensação de euforia e de prazer e que, segundo os cientistas, também promove uma melhora no foco e na memória além de fortalecer a autoconfiança.
Obviamente, a miniaventura do quinto dia pode ser outra coisa além da leitura de um novo livro: experimentar uma comida diferente, tentar aprender a tocar um instrumento ou falar uma língua estrangeira, trocar o carro por uma caminhada ou simplesmente visitar um lugar pela primeira vez. O advenire é sem dúvida o que nos leva para a frente, o que nos constrói, e cada pessoa pode ser um aventureiro ao seu modo. Isso faz a gente se sentir mais vivo e mais dono do nosso tempo aqui.



