
Entre os nomes à frente da inovação promovida pelas Empresas Randon nos últimos anos está o de Veridiana Sonego, 39 anos. Administradora de empresas com especialização em gestão financeira e de pessoas, assumiu, recentemente, o comando da Conexo, iniciativa de inovação aberta da Randon para conectar empreendedores, empresas, startups, universidades e instituições no desenvolvimento de novas soluções.
Veridiana atuava como gerente de Planejamento Estratégico e Comunicação Corporativa desde 2019. Durante os 12 anos de trajetória na companhia, assumiu o papel de gestão em diversas áreas e, na entrevista a seguir, destaca a importância deste intercâmbio interno para ampliar a visão como gestora de inovação.
Quando você começou na Randon, imaginava que se tornaria um dos nomes de referência em inovação?
Eu entrei em 2008, depois de já ter trabalhado em outras duas empresas menores da cidade. Eu entrei na área financeira da Suspensys. Fiquei ali por oito anos e, em 2013, assumi a coordenação de controladoria. Em 2015, acabei acumulando a da Castertech também. Em 2016, fui para a Fras-le, o que abriu um novo mundo, mais contatos com as unidades no Exterior. No início de 2017, abriu uma posição no Centro de Soluções Compartilhadas, onde fica todo o backof- fice administrativo. Amava o que fazia em finanças e controladoria, mas quando tem uma oportunidade, não podemos deixar passar. Era uma posição de gerência com equipe bastante grande, onde fiquei por dois anos. E foi ali que fizemos toda uma mudança cultural. Foi feita uma centralização, de forma gradativa, mas especialmente desde 2012, para ganhar em senioridade, eficiência e sinergia de custos. Nessa trajetória, tivemos oportunidade de fortalecer a cultura da prestação de serviço, mas principalmente com as nossas empresas. Eu tive muito esse papel de condução, de valorizar as pessoas que ali estão. E nós começamos um movimento importante de trazer inovação e tecnologia para esses processos. A Randon vem comprando empresas, criando unidades, sempre têm atividades para serem compreendidas. Trabalho sempre vai ter, mas passa pelo engajamento das pessoas. A grande provocação foi de como uma área administrativa poderia servir de inspiração para o core business (negócio principal) da Randon, trazendo tecnologia, conexão com startups... Foi assim que começou esse movimento, com uma célula exploratória do sistema de inovação, a Randon Exo, que saiu com alguns desafios, algumas dores internas, especialmente ligadas ao processo administrativo, para buscar parcerias, identificar oportunidades. E a primeira delas é o processo de recrutamento e seleção, o Gupy. Hoje nós já estamos com perto de 50 startups conectadas, não só nas áreas administrativas, e que nos trazem redução de custos, ganhos do ponto de vista financeiro, cultural com suas parcerias que não seriam tradicionais, e de processos.
Dessas experiências, o que mais te credenciou a liderar a Conexo, iniciativa de inovação aberta recém-inaugurada pelas empresas Randon?
Minha origem é de finanças, controladoria, mas dentro do meu processo de evolução, busquei circular em áreas diferentes para aumentar meu leque de conhecimento. Com essas experiências, eu avancei bastante, consegui enxergar outras áreas. Mas, especialmente em gestão, foi uma escola. A questão da inovação é também uma forma de me reinventar. Até uma dica de carreira, que funciona para mim e outros executivos, é poder ampliar essas interfaces. Liderar esse movimento da Conexo é uma sequência. Assim como nós começamos pequenos e fomos ampliando, minha atuação relacionada à inovação é no sentido de ser uma gestora que tira entraves, que facilita a execução da estratégia, que promove a conexão com inovação e startups. Isso fica muito mais fácil com uma equipe forte, que ama o que faz.
O que está sendo feito já impacta em todo o ecossistema regional de inovação?
A Conexo é uma iniciativa que é sequência da Exo, da porta para dentro das empresas Randon. Antes do lançamento da Conexo, eu fiz uma rodada de conversa com os principais executivos das unidades, explicando a proposta, pedindo se cada empresa estava dentro do projeto, se via valor, se estaria engajada, se seria cliente.... E tive o aceite de todas. Pelos resultados que a Exo já apresentou, a credibilidade interna já tinha sido conquistada. Das portas para fora, nós tivemos a grata surpresa de iniciar a Conexo já com Sicredi e DBServer. Na sequência, devemos ter novas empresas que serão clientes. Que vão ter dentro do pacote os eventos, a utilização do espaço da Conexo. São mais de 500 usuários na plataforma digital. Com empresas parceiras, temos oportunidade de compartilhar práticas bem sucedidas. E acreditamos na lógica da abundância, que agrega na transformação da comunidade. Como é um hub de inovação aberta, o grande propósito é criar soluções de forma compartilhada com a comunidade. Estamos montando o calendário para os próximos meses com eventos e conteúdos para todos. Grandes empresas, como a Randon, precisam formar mão de obra. Falando especialmente em tecnologia, existe um aquecimento de mercado. E temos desafios com oportunidades para desenvolver soluções, tanto para problemas internos quanto para criar novas oportunidades de negócios.
Qual foi o projeto mais inovador que você participou?
O Exo foi o embrião, mas é difícil destacar um só. Depois disso, surgiram vários marcos importantes. A própria instituição do movimento Hélice em Caxias que auxiliou no despertar da Randon para o sistema de inovação. Brincávamos que a Randon queria ser jovem aos 70 anos, e esses movimentos trouxeram isso, como beber da fonte da juventude das startups. Nós também tivemos o Centro Tecnológico Randon que passou por renovação. E neste ano, lançamos dois movimentos bem importantes: a Randon Ventures, em fevereiro; e a Conexo, em outubro. O aumento de capital da Ventures, que partiu de R$ 3 milhões e está em R$ 15 milhões, demonstra que a companhia vem investindo na inovação. Todas as grandes empresas estão com movimentos de renovação.
A pandemia incentivou ainda mais essa inovação?
Ela acelerou várias coisas em relação à digitalização dos processos. O exemplo maior é o home office. Tínhamos um piloto na área corporativa que foi ampliado muito rápido em todas as unidades. Se não tivéssemos o piloto, ferramentas e infraestrutura, seria muito complicado. Nós estávamos praticamente prontos. Mas um ponto bem importante é que, mesmo com redução da receita em abril e maio, não desaceleramos processos. Fizemos plano de contingência, agora estamos bem, mas, naquela ocasião de incerteza, os investimentos em inovação foram acelerados. Porque empresas mais prontas para digitalização aproveitaram essa oportunidade.