O clima não foi nada amistoso na reunião entre moradores da zona sul de Caxias e o prefeito Adiló Didomenico para tratar da troca de endereço da policlínica. Com o salão paroquial do bairro São Caetano lotado, parte dos expectadores reagiu com gritos de protesto exigindo a unidade de saúde na região.
Como esperado, não houve — e provavelmente não haverá — recuo em relação ao novo endereço da unidade com especialistas e exames, mas o prefeito voltou a falar em UPA Zona Sul, assunto que não era mencionado desde a escolha da área da Avenida Dr. Assis Antônio Mariani.
A área ao lado da unidade básica de saúde (UBS) São Caetano deve ser gravada no plano diretor para receber a unidade de pronto-atendimento. Segundo o secretário-adjunto do Planejamento, Antônio Feldmann, é um terreno capaz de receber uma UPA de qualquer categoria.
Para sair do papel, porém, é preciso esperar que o governo federal abra cadastramento para investimentos em UPAs, o que ninguém sabe quando deve ocorrer.
Tumulto
Adiló avalia que uma parte da comunidade ouviu e saiu satisfeita com as explicações, mas que havia grupos que "desde o início não queriam ouvir".
Sobre a UPA Zona Sul, o prefeito diz que "em nenhum momento desistiu. A policlínica veio como um plus, um equipamento que serve a toda a cidade, mas que a gente deu preferência imediatamente para colocar ela na região sul".
Segundo a administração, ao fim da reunião, houve quem cumprimentasse Adiló e pedisse desculpas pela hostilidade.
Não convenceu
Ao menos para uma parte da comunidade, no entanto, as explicações não foram suficientes. A frustração é grande porque o anúncio da policlínica criou uma expectativa nos moradores da região sul que agora não se sabe quando será suprida. A implantação de mais UBSs, como a Imigrante, cuja obra será autorizada sábado (14), também não é suficiente para a comunidade.
— É como dar um doce na boca de uma criança e depois tirar — afirma a presidente do bairro Esplanada, Rosalina Lima.
A oposição também não aliviou, citando problemas de comunicação com a comunidade em relação à promessa de instalação da policlínica no bairro e também quanto às características da unidade, que é diferente de UPA.
Falha na condução
Tanto Adiló quanto Feldmann afirmam que a constatação de que a área do bairro São Caetano não poderia receber a policlínica ocorreu na semana passada, a menos de cinco dias do prazo limite para garantir o investimento federal. A troca da área, portanto, ocorreu às pressas.
Ainda que questões técnicas justifiquem a decisão, houve falhas na condução do processo que resultaram na frustração da comunidade. No dia 26 de agosto, o prefeito gravou um vídeo ao lado da deputada Denise Pessôa (PT) — que articulou a destinação de recursos junto ao Ministério da Saúde para a policlínica — em frente ao terreno do bairro São Caetano. A área contava até mesmo com a placa da obra.
Não precisava disso. Trata-se de um erro estratégico que a administração comete pela segunda vez e cria o próprio desgaste. Basta lembrar que o parque automotivo também tinha área anunciada e depois se precisou buscar outro terreno.
O que a comunidade espera é que haja certeza da viabilidade de um investimento quando ele é anunciado.



