
Como já era de se esperar, o anúncio da prefeitura de Caxias do Sul da ativação da fiscalização de velocidade nas câmeras do cercamento eletrônico, na próxima semana, não foi recebido de forma tranquila. Além das reações nas redes sociais, a oposição na Câmara de Vereadores aproveitou a munição para atacar a administração.
O embate partiu principalmente do vereador Hiago Morandi (PL). Lendo comentários na publicação da prefeitura sobre o assunto, ele acusou o prefeito Adiló Didomenico de não ouvir a população e disse que terá como missão "desgastar cada vez mais o governo perante esse assunto, porque eles não recuaram". Hiago agiu rápido e apresentou um projeto de lei que proíbe autuação de infração de trânsito por meio de imagens de videomonitoramento em Caxias do Sul.
Já o vereador Capitão Ramon (PL) cobrou trabalho de orientação aos motoristas para facilitar o trânsito.
Ainda antes da sessão, ambos haviam publicado comentários críticos no post da prefeitura nas redes sociais. Nenhum vereador saiu em defesa da medida.
Fiscalização sempre esteve prevista
A fiscalização de velocidade sempre esteve prevista no projeto de implantação do cercamento eletrônico. Tanto que o contrato de fornecimento dos equipamentos já previa leitores com essa capacidade. A própria escolha dos pontos de instalação, apesar de contestações, são locais que favorecem o aumento de velocidade.
Houve, no entanto, uma postura errática do município ao lidar com a questão desde o início. Quando uma lista com os locais de instalação dos controladores vazou em 2023, a prefeitura disse que havia informações inverídicas. Na verdade, todos os endereços receberam os equipamentos meses depois.
Em janeiro deste ano, o secretário de Trânsito, Elisandro Fiuza, confirmou que a fiscalização seria ativada. Já em abril, o adjunto da pasta, Alfonso Willenbring, chegou a anunciar, em audiência pública na Câmara, para 1º de junho o início da fiscalização. Adiló negou a data em uma publicação nas redes sociais e disse que medida seria adotada apenas com estudo técnico de sinalização e redução de acidente. Nesta terça-feira (29), a vereadora Daiane Mello (PL) cobrou a apresentação do plano.
Apesar disso
Em que pese a gritaria nas redes sociais e manifestações políticas, em que se destaca a voz dos contrários à fiscalização, há uma parcela importante da população que pede ações concretas para reduzir a imprudência no trânsito de Caxias.
Do condutor habilitado se espera que conheça e respeite a legislação de trânsito, que deixa bem claro as consequências dos descumprimentos. Não é admissível que um veículo trafegue a 143 km/h na extensão da Rua Moreira César, na saída para Flores da Cunha, onde o limite é 60 km/h, como já flagrado pelo sistema – até agora impunemente. Isso, por si só, renderia suspensão da CNH.
É verdade que a sinalização poderia ser melhor e o anúncio poderia ter ocorrido com mais antecedência. Mas se 98% dos veículos já respeitam a velocidade, como diz a Secretaria de Trânsito, há motivos para acreditar que a medida não vai engordar os cofres municipais como muitos pensam. Se a arrecadação for grande, no fim das contas, significa que o pé continua fundo no acelerador.




