
A morte de um jovem de 22 anos na queda da Ponte da Cooperação, entre Caxias e Nova Petrópolis, nos impõe algumas reflexões sobre a segurança das estruturas do tipo e também sobre o papel do Estado.
A travessia foi erguida em uma mobilização da comunidade depois que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) desistiu de instalar uma ponte provisória como alternativa à estrutura que ruiu na BR-116, em maio de 2024. A mudança de ideia do órgão federal ocorreu quando uma cheia durante a implantação da ponte metálica levou as cabeceiras. A conclusão foi de que não havia segurança no terreno.
Não se pode condenar a iniciativa da comunidade, isolada e sufocada economicamente, mas também não se pode ignorar o fato de que a ponte sempre foi classificada como provisória. Os responsáveis pelo planejamento dizem que estava no projeto a possibilidade das cabeceiras ruírem com a alta do rio e que não houve problemas construtivos.
Nesse caso, então, por que a ponte estava aberta diante de tanto volume de chuva? Quem deveria fechar? Quantos motoristas da região estavam cientes do risco de queda? E por que ela seguia em uso após a entrega da travessia definitiva da BR-116?
O poder público costuma ser desastroso na resposta a urgências, o que dá margem para questionamentos da necessidade do Estado. Mas embora seja fundamental melhorar os processos, boa parte da burocracia para uma obra pública envolve garantias de segurança, sob pena de responsabilização pessoal dos envolvidos.
Como a Ponte da Cooperação não foi uma obra pública, talvez surja um imbróglio jurídico com relação às responsabilidades a partir de agora.
Adiló lamenta morte
Em pronunciamento na Câmara nesta terça-feira (18) em função do aniversário de Caxias, o prefeito Adiló Didomenico disse que "hoje, lamentavelmente, temos que chorar a vítima na Ponte da Cooperação", no limite de Caxias com Nova Petrópolis.
A menção ocorreu enquanto o prefeito lembrava a catástrofe de 2024 e as obras necessárias para melhorar a drenagem da cidade.
— A natureza não tem dado trégua — observou.