
Um passeio a cavalo pelo campo, unindo atividades de coordenação motora e cognitiva de pessoas com deficiência: essa é a proposta da equoterapia, projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF) em parceria com a Associação dos Amigos da Criança Autista (Auma), que atende a 30 pessoas da cidade e região.
As atividades são voltadas para pessoas com deficiência e com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dos três aos 45 anos. No cavalo, eles fazem um trajeto de cerca de 30 minutos com paradas para atividades que exploram a noção espacial, força, coordenação motora e conhecimentos como alfabeto, matemática e cores.
— Montar em um cavalo te proporciona movimento tridimensional da coluna. A passada do animal cria uma sinapse na coluna que melhora toda a postura do praticante. E, principalmente para os autistas, também tem a parte de relacionamento, porque eles convivem com outras pessoas e saem da rotina — explica o coordenador do projeto Paulo Cezar Mello.
Um exemplo disso é um dos alunos mais antigos, Davi Merlim da Silva, 14 anos. Diagnosticado com autismo nível 1, ele frequenta as aulas desde os 3 anos e teve diferentes desenvolvimentos ao longo da infância e adolescência, como equilíbrio e a sociabilidade.
— Na infância ele nunca andou de bicicleta ou motoquinha porque não tinha equilíbrio, e aqui ajudou muito. A parte cognitiva também, de conversar com outros estudantes e saber as cores e números. Mas na minha opinião o melhor de tudo foi a ansiedade: ele aprendeu a esperar a vez dele sem entrar em crise — resume a mãe Tatiane Merlim.
Mesclando inglês com português, Davi conta que aprova a atividade:
— Eu gosto dos cavalos e dos estudantes. E eu também gosto de falar inglês com eles e ensinar tudo.
Já a Raissa Ribeiro, 18 anos, teve paralisia cerebral e trata principalmente o equilíbrio e a interação social. Com ajuda de uma monitora em cima do cavalo, ela faz atividades de desenvolvimento cognitivo e psicológico. O gosto foi tanto que a família planeja comprar um cavalo para ter em casa, como revela a mãe Maria Salete Ribeiro:
— A Raissa chegou sem conseguir segurar direito a cabeça. O equilíbrio foi o primeiro progresso dela, além da socialização e melhora na dicção. Ela está muito melhor e se apaixonou pelos animais, até queremos ter um em casa para ela aproveitar mais.
A escolha dos animais e as aulas

Os cavalos terapeutas são mantidos pela Auma e escolhidos por suas características: eles precisam ser fortes, castrados e ter mais de 10 anos de idade para que não façam caminhadas rápidas ou longas cavalgadas.
Nos passeios, uma equipe de acadêmicos acompanha a pé os assistidos enquanto a outra realiza as atividades. Estão envolvidos os cursos de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Psicologia e Serviço Social da UPF.
A parte prática acontece na Fazenda da Brigada Militar, às terças e quartas-feiras. O projeto ainda conta com a ajuda do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case), servindo de espaço para a ressocialização dos adolescentes infratores.
Para participar, é preciso entrar em contato com a Auma, pelo telefone (54) 99658-1732, ou com a Equoterapia pelo email equoterapia@upf.br ou redes sociais @EquoterapiaUPF.