
Morador de Pontão, no norte do Estado, o estudante Luís Gustavo Rodrigues da Silveira, 18 anos, é a quarta geração de uma indústria familiar de embutidos. Exemplo da sucessão rural e da presença do jovem no campo, Luís já tem um novo olhar para a aprimorar o negócio dos pais:
— Quero dar continuidade ao legado deles, mas tive a ideia de explorarmos o turismo rural. Seja com trilhas, com passeios na nossa chácara ou até com café colonial. Porque são produtos que a gente já faz, mas podemos implementar isto no negócio.
Incluir as novas gerações e dar espaço para que sejam voz ativa nos modelos de negócio também é o desafio das cooperativas gaúchas.
Segundo o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Darci Hartmann, é preciso estimular que os jovens sejam os protagonistas do futuro de suas propriedades, capacitando e estimulando o empreendedorismo neles ao longo do caminho:
— A gente não sabe o que vai ser do futuro, mas o futuro vai passar pelo jovem e pela tecnologia de ponta. Mas, para isto, o cooperativismo tem que estar muito preparado e alinhado com as necessidades e expectativas dos jovens — avalia.
Iniciativas para ampliar a adesão
Não faltam iniciativas para estimular a permanência dos jovens do campo. No norte do Estado, um projeto desenvolvido por uma cooperativa de crédito é exemplo positivo: busca fortalecer o empreendedorismo rural e a sucessão familiar por meio da metodologia desenvolvida pelo Google for Education, de modo a potencializar e rentabilizar as propriedades de maneira tecnológica e eficaz.
O programa focado no agronegócio dá aulas práticas e teóricas a 160 jovens, os preparando para serem a nova geração do agro, como explica o gerente de Desenvolvimento do Cooperativismo da Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG, Paulo Brum:
— O cooperativismo é um modelo de negócios, e o nosso propósito é construir juntos uma sociedade mais próspera, e para isto precisamos dos jovens. E já vemos hoje o quanto isto está fazendo sentido para eles.
Quem viveu essa experiência e teve o pensamento transformado por essas iniciativas foi a moradora da comunidade de São Valentim, em Passo Fundo, Luana Cenci, 21 anos.
O plano, segundo ela, é formalizar a agroindústria dos pais, além de implementar uma ideia sustentável, fazendo combustível renovável através dos dejetos das vacas.
— O trabalho da cooperativa me mostrou a melhor forma de propor para os meus pais a mudança na propriedade, e também me fez me sentir inclusa na propriedade, ajudando a tomar decisões e ver opções de aumento de lucro — resume a jovem.