
Em uso há cerca de quatro meses, a inteligência artificial Gaia Minuta já ajudou na criação de 744 mil documentos no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). A IA, junto de outras ferramentas, tem agilizado processos e permitido otimizar o trabalho de juízes e servidores.
O projeto para implementar a tecnologia no tribunal começou com a necessidade de migrar informações para o ambiente virtual após a enchente de 2024. De acordo com o desembargador e presidente do Conselho de Inovação e Tecnologia do TJRS, Antônio Vinicius Amaro da Silveira, através de contatos com empresas de IA, a justiça gaúcha deu início ao desenvolvimento da Gaia.
— Nós desenvolvemos, primeiramente, a Gaia Assistente, uma ferramenta de conversação com o processo que nos permite a coleta de informações essenciais para a produção da sentença, e também uma outra empresa nos ajudou a desenvolver a Gaia Minuta, que é a ferramenta que permite a elaboração de decisões já definidas — explica.
Segundo o desembargador, ainda não existem dados consolidados em relação ao quanto a inteligência artificial ajuda na otimização de tempo, mas já se percebe o ganho:
— Existe uma perspectiva, pelo que se tem de experiência no uso diário da ferramenta, que nós ganhamos, no mínimo, cinco vezes o tempo dispendido para uma decisão.
Impacto regional
No Fórum de Passo Fundo, que também atende a outras cidades da Região Norte, o fluxo de processos é alto. Atualmente, são cerca de 96 mil em tramitação.
Para dar conta do grande volume de ações na cidade do norte gaúcho e em todo o RS, a ferramenta foi implementada e tem sido usada há meses.
— Aumentou em praticamente 70% depois da utilização da Gaia. Acredito que o maior benefício seja a automação de tarefas, a diminuição do erro humano. Ela tem contribuído muito para a produtividade, nos auxiliando muito na qualidade das decisões judiciais e também, principalmente, na questão da agilidade da prestação jurisdicional — avalia a analista judiciária Julia Ferre Polese.
O diretor do fórum, juiz Luiz Clóvis Machado da Rocha Júnior, aponta que o uso da Gaia Minuta tem tornado o serviço público mais eficiente e ágil:
— A inteligência artificial tem sido utilizada de três maneiras por nós. Em primeiro lugar, para a produção de relatórios, e isso tem agilizado a compreensão dos problemas que são apresentados. Em segundo lugar, como construção de decisões, não substituindo os juízes, mas auxiliando os juízes na hora de construir as decisões. E, em terceiro lugar, ela tem sido utilizada também como um reforço de controle das decisões, ou seja, ela ajuda a revisar aquilo que já foi produzido.
Com uma adesão crescente por parte dos servidores e magistrados, a Gaia segue recebendo aprimoramentos para conseguir cada vez mais agilizar o judiciário gaúcho.
— Estamos para lançar agora a audiência inteligente. É uma ferramenta que já está sendo pilotada por alguns gabinetes, mas ela vai ser disponibilizada a todos em seguida. Permite uma conversação com a audiência automática, não precisa mais de que os dados sejam transportados. O usuário vai ter acesso direto ao próprio ato da audiência, que vai ser gravado por vídeo, e a captação dessas informações vai ser automática — adianta o desembargador Antônio Vinicius Amaro da Silveira.
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