Em recente descoberta, pesquisadores encontraram cerca de 700 fragmentos arqueológicos de diferentes períodos no noroeste gaúcho. O achado foi feito no mesmo local de São Luiz Gonzaga onde uma Yapepo — panela de origem guarani que pode ter 2 mil anos — foi encontrada em julho.
Uma análise inicial aponta que os fragmentos pertencem aos períodos pré-missioneiro, das missões jesuíticas e colonial português pós-missões. A escavação foi realizada em um terreno próximo à praça central da cidade, onde funcionava a Redução de São Luiz Gonzaga.
— Com esse material, podemos classificar e ter uma noção do que existia aqui em São Luiz Gonzaga, talvez até antes da chegada dos jesuítas — destaca o secretário de Turismo e Cultura do município, Leandro da Silva Grings.
Todo o material é medido, pesado, numerado e catalogado. Segundo os arqueólogos, o objetivo é mapear os espaçamentos entre as casas indígenas da época da redução e reunir as peças para no museu local.
— Fazemos o trabalho de mapear, resgatar e reunir material para exposição. Isso também permite liberar o terreno para construções, já que a cidade foi construída sobre esse sítio arqueológico — explica a coordenadora do Museu Arqueológico de São Luiz Gonzaga, Raquel Rech.
A área onde os fragmentos foram descobertos pertence à comerciante Nilda Griep Chaparini, que comprou o lote justamente para abrir um estabelecimento. O achado surpreendeu:
— Jamais imaginava que ia encontrar tantos objetos, tanta coisa.
Panela de 2 mil anos

Entre todas as peças, o destaque permanece sendo a panela de cerâmica encontrada há cerca de um mês e que pode ter 2 mil anos. Com características da cultura guarani e possível influência amazônica, estava a cerca de 70 centímetros de profundidade, em uma trincheira aberta por pesquisadores.
— O que está chamando muito a atenção é essa pequena Yapepo, uma panela para produção de alimentos. A decoração angulada é comum na cerâmica guarani, mas o aplique serpentiforme é muito conhecido na região amazônica, lá pelo Alto Xingu. Aqui na região não se tem conhecimento ainda — aponta a arqueóloga Raquel Rech.
A origem da peça será determinada por meio de datação. Os pesquisadores avaliam se ela foi produzida durante o período das missões jesuíticas ou se foi trazida do norte do país anteriormente, como explica a arqueóloga:
— Já que os guaranis chegaram por levas no sul do Brasil cerca de dois mil anos atrás, ela pode ter grande antiguidade. Vamos encaminhar para datação, mas também considerando que a cerâmica guarani seguiu sendo produzida em paralelo com a cerâmica missioneira, ela pode ser mais recente. É importante a datação para tirar essa dúvida.
Tanto a panela quanto os outros 700 fragmentos serão expostos no Museu de São Luiz Gonzaga, após a reforma do espaço.




