
A mulher suspeita de se envolver na briga de trânsito que teria causado o atropelamento e morte de Vilson Torres Ferreira na sexta-feira (13), em Passo Fundo, falou pela primeira vez sobre o ocorrido. Em entrevista, ela deu a sua versão dos fatos e relatou que sofre ameaças desde o incidente.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Conforme o boletim policial, a motorista atingiu a motocicleta de Vilson, que colidiu com a outra moto e os três homens caíram no chão. O trio foi atropelado por um ônibus urbano que transitava na rua. Os dois sobreviventes dizem que a motorista atingiu os motociclistas intencionalmente.
Segundo a delegada Daniela Mineto, no momento as equipes colhem depoimentos e imagens de câmeras de videomonitoramento para avançar na apuração.
A entrevista da condutora do automóvel foi concedida na companhia do advogado, Gilvan Hansen Júnior, na tarde de quarta-feira (18). A mulher pediu para não ser identificada. Veja o que ela disse a seguir.
A noite do atropelamento
Assim como no depoimento à Polícia Civil, a motorista relatou que parou o carro após ver sinais de luz de uma moto na Rua Livramento e que, naquele momento, o carona da motocicleta começou a lhe ofender. A discussão seguiu até que ambos saíram daquele local e dirigiram em direção à Avenida Brasil.
Na sequência, os dois veículos se encontraram novamente na avenida. A mulher relatou que tentou, assim como o carona do carro, conversar com os dois homens na moto, mas um deles teria feito menção de que estava armado. Foi nesse momento que, segundo ela, se assustou e arrancou o carro para sair de perto da moto.
— Foi aí que tudo aconteceu. Eu tenho imagens que mostram o ônibus vindo na nossa direção e a moto. Eu sei que alguma coisa teve impacto no meu carro, mas não sei o que que era — disse a mulher à reportagem.
Ela afirmou que não viu a colisão com a motocicleta de Vilson. Câmeras de videomonitoramento flagraram momentos antes da colisão, na Avenida Brasil (assista abaixo). Ferreira foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
— Para mim não tinha essa segunda motocicleta. Na verdade a gente viu quando cheguei em casa. Lamento muito pela morte, não era a minha intenção causar tudo isso, chegar a tudo isso. Eu lamento muito pela família, de coração.
Depois da colisão
A motorista diz que, logo depois da colisão, parou e tentou prestar socorro, mas foi informada que outros motociclistas estavam à procura dela. Assustada, decidiu ir embora.
— Eu vi o acidente e tentei estacionar o mais próximo possível, só que a próxima quadra era contramão, na frente do shopping não tem como estacionar, e eu estacionei na próxima que eu teria o local certo e seguro para deixar o carro, que foi em frente ao Fórum. Descemos do carro e eu falei: "preciso prestar socorro". Meu amigo falou assim: "olha, estão colocando aqui no grupo que já está cheio de motoboy atrás de você". E eu, assustada, falei assim: "então vamos para casa". Fiquei com medo do que poderia acontecer comigo ali.
Condutora disse que não abandonou o carro

Na entrevista, a mulher afirmou que não abandonou o carro. Segundo ela, pegou uma das perimetrais para chegar em casa e, em dado momento, o veículo parou de funcionar:
— Eu não abandonei o carro. Isso a perícia talvez vai mostrar. Meu carro parou de funcionar, simplesmente parou no meio da perimetral. Aí empurramos até o acostamento mais seguro e deixamos ali.
Ameaças
A motorista relatou, ainda, que tem sofrido ameaças, inclusive algumas direcionadas às suas filhas.
— Estou recebendo áudios que eles colocam todo o santo dia em um grupo me ameaçando. Agora já chegou até nas minhas filhas, eles tentam achar um jeito de chegar a mim — disse.
Como alguns de seus documentos ficaram no carro, algumas pessoas tentaram fazer empréstimos a partir dos seus dados. Segundo o advogado, Gilvan Hansen Jr., algumas das pessoas que fizeram as ameaças já foram identificadas e os registros serão feitos na Polícia Civil.