Uma infestação de morcegos tem preocupado moradores de Passo Fundo, norte gaúcho, nas últimas semanas.
Um dos relatos é da empresária Letícia Vargas, que ouviu barulhos dos animais no telhado de casa pela primeira vez em 7 de abril. No dia seguinte, o marido subiu no sótão e veio a surpresa: havia pelo menos 20 morcegos no espaço.
O casal buscou alternativas para conter os animais, mas, no terceiro dia, quando o homem voltou a subir no telhado para conferir a situação, teve uma surpresa: o número de morcegos chegava a 60.
— Ficamos apavorados. Eu sou gestante de cinco meses, temos um cachorro em casa também e ficamos super preocupados com isso. Acaba que isso interfere diretamente na nossa saúde, principalmente se tivermos contato com esses animais — disse.
Outros relatos vêm de moradores de prédios do centro da cidade. Na Vila Mattos, a família de Jaquiel Tariga da Silveira convive com o problema a mais tempo: uma "família" de morcegos vive no telhado de casa há pelo menos um ano.
A moradora já usou naftalina para tentar espantar os animais, mas não resolveu a situação. De lá para cá ficou evidente como as fezes dos morcegos têm causado problemas de saúde em familiares.
— Meu sogro sobe no forro da casa para colocar a naftalina, acalma por uns dias e (os morcegos) voltam. As fezes ficam pelos cantos da casa. Cada vez que meu sogro sobe para colocar a naftalina tem que fazer nebulização — disse.

Como proceder?
A situação preocupa porque morcegos são transmissores de doenças para humanos e outros animais. A mais conhecida é a raiva, transmitida por morcegos infectados, que atinge o sistema nervoso central e pode levar à morte.
Esses animais também transmitem outros problemas, como histoplasmose (doença respiratória causada pelos fungos que se formam nas fezes dos morcegos) e outros vírus, bactérias e parasitas, a depender da circunstância.
Em 11 de abril, a Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi) emitiu um alerta sanitário para a raiva dos herbívoros na região de Passo Fundo e municípios como Ernestina, Marau, Coxilha e Santo Antônio do Planalto.
Em Passo Fundo, a Coordenadoria Municipal de Vigilância em Saúde atendeu a quatro casos de captura de morcegos em 2025. Desses, três foram remetidos a exames de laboratório e não apresentaram risco de transmissão de raiva. A quarta captura foi realizada na última semana e está em análise no laboratório do Estado em Eldorado do Sul.
A orientação é que, ao identificar morcegos, a população procure a Vigilância Ambiental dos municípios e evite qualquer tipo de contato direto com os animais.
— Se o animal estiver sozinho dentro do imóvel, é um indício de que esteja doente. Nesses casos, o recomendado é ligar para a Vigilância Ambiental (veja o contato abaixo), que realiza a captura. As pessoas não devem tocar o morcego — alertou a coordenadora do órgão, Marisa Zanatta.

Acione a Vigilância Ambiental
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