
Os moradores do Loteamento Canaã, em Passo Fundo, no norte do RS, reclamam do forte cheiro proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto Miranda, da Corsan,que fica ao lado das moradias. Segundo a presidente da associação do bairro, Flávia Jaqueline Chaves da Rosa, o odor intenso prejudica a qualidade de vida dos moradores, que já solicitaram repetidamente soluções para o problema, porém, sem sucesso.
— O cheiro é extremamente forte, uma fedentina que está afetando até a saúde dos moradores. Pedimos providências, mas elas não são tomadas. Já conversamos com o superintendente da Corsan, com vereadores, e até uma perícia com um químico foi realizada no local — descreve a presidente.
Segundo Flávia, há pelo menos cinco anos está em andamento uma ação na Justiça. Inicialmente, a Corsan alegou que o odor ocorria devido a uma bomba defeituosa, no entanto, a presidente afirma que o equipamento foi substituído, sem resolver o problema.
— Eles usam uma lavanda, o que acaba piorando o cheiro. Chegaram a culpar uma bomba, que foi substituída, mas o odor persiste, piorando tanto em dias quentes quanto em dias de chuva — ressalta Flávia.
A moradora Ana Paula Chaves de Lemos afirma que precisa manter as janelas de sua casa sempre fechadas devido ao forte odor:
— Por causa desse cheiro, preciso manter sempre fechadas as janelas da minha casa. As medidas que tomaram com o produto químico, que se assemelha a uma lavanda, só pioraram a situação e têm causado alergias, especialmente nas crianças.

Em nota, a Corsan afirma que realiza monitoramento diário para verificar a presença ou ausência de odor e que mudanças nas características do esgoto também afetam a eficiência do tratamento. Quanto à diferença entre as unidades Miranda e do bairro Záchia, a Corsan explica que as tecnologias das estações são distintas e são analisadas e licenciadas por órgãos competentes.
O que diz a Corsan
"Conforme regulamentação, a Companhia realiza o monitoramento diário para verificar presença ou não de odor na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Miranda, em Passo Fundo. De acordo com a direção do vento, são aplicadas quantidades variáveis de produtos para que, de forma preventiva, sejam reduzidos os impactos nas imediações.
Mudanças nas características do esgoto, como o lançamento irregular de materiais que não deveriam ir para a rede, gorduras, óleos industriais, despejo inadequado do esgotamento de foças sépticas, água da chuva, de calhas e as próprias condições climáticas podem interferir no volume e na eficiência do tratamento, ainda que em situações esporádicas.
As tecnologias de tratamento de esgoto entre uma estação e outra, são diferentes. Elas são analisadas e licenciadas pelos órgãos competentes, durante projeto de implementação das ETEs. Podem ter seu sistema de tratamento aberto, com lagoas de decantação, é o caso da ETE Araucária próximo ao Záchia, ou compacto e fechado, caso da ETE Mitranda.
Para cada situação específica, são verificadas demandas necessárias para implementar sua operação. Levam em consideração o tamanho da área onde será instalada, o volume de esgoto a ser processado diariamente, se o material virá por gravidade ou bombeamento, se ambientalmente está próxima de matas, nascentes ou cursos de água."