
Por Luciane Sturm, coordenadora da Assessoria Internacional da Universidade de Passo Fundo (UPF)
A universidade é, por excelência, um espaço de formação integral. Mais do que um ambiente de produção de conhecimento, ela representa um território de amadurecimento intelectual, ético e social, especialmente na transição entre juventude e vida adulta. Seu compromisso com a transformação humana e social exige que o saber produzido tenha relevância para além dos muros acadêmicos.
Nesse contexto, a universidade comunitária — por sua vocação regional e compromisso com o desenvolvimento local — ocupa papel estratégico. Ao mesmo tempo em que responde às demandas de sua comunidade, precisa ampliar seu olhar para os desafios globais. É aí que a internacionalização se torna um eixo fundamental da formação universitária contemporânea.
O conceito atual de internacionalização vai muito além da mobilidade acadêmica. Embora estudar fora continue sendo uma experiência transformadora, é preciso reconhecer que a maioria dos estudantes, docentes e técnicos não têm acesso a essa oportunidade. Por isso, torna-se urgente pensar em estratégias inclusivas, como a internacionalização do currículo — também chamada de internacionalização em casa — que promove vivências interculturais e amplia horizontes sem exigir deslocamento físico.
A pressão por maior qualificação institucional exige investimentos em recursos humanos, financeiros e, sobretudo, criatividade. A internacionalização deve ser pensada como um processo transversal, que articule inovação, inclusão e pertinência social.
Isso implica formar sujeitos autônomos, críticos e interculturalmente competentes, capazes de atuar em um mundo interdependente
LUCIANE STURM
coordenadora da Assessoria Internacional da UPF
Agentes de transformação
Estudiosos da área apontam que as universidades vivem transformações profundas na forma de produzir conhecimento e se relacionar com o mundo. Nesse cenário, emergem abordagens críticas de internacionalização que valorizam as potencialidades do Sul Global.
Correntes de pesquisadores críticos que propõe uma internacionalização relacional, realista e comprometida com a justiça social e a qualidade de vida, voltada especialmente aos países da América Latina e da África.
Desta forma, destacam-se os arranjos colaborativos no eixo Sul-Sul como alternativa promissora, alinhada ao modelo de universidade comunitária comprometida com a transformação social.
Trata-se de um modelo que busca democratizar o acesso à educação superior com qualidade e relevância social, desafiando a lógica mercantilizada que domina o campo educacional. É uma aposta na construção de novos sentidos para a internacionalização, reafirmando a educação como direito social.
Nesse horizonte, a Universidade de Passo Fundo incorporou a internacionalização como estratégia institucional, ampliando oportunidades de formação para a cidadania global.
Por meio de ações de e para a internacionalização do currículo, além de programas para mobilidade internacional com bolsas de estudo e auxílios financeiros para estudantes, trabalhamos para que essa cidadania se expresse na capacidade de compreender os fenômenos locais e globais, agir com responsabilidade social e reconhecer que cada ação, por menor que seja, reverbera no tecido interdependente que conecta o mundo.
Luciane Sturm é coordenadora da Assessoria Internacional da Universidade de Passo Fundo e Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras. Entre em contato pelo e-mail lusturm@upf.br.


