
Para que uma formação acadêmica seja completa, é importante que ela ultrapasse os muros da universidade e impacte a comunidade ao redor. Uma das formas mais efetivas de experienciar a fusão entre esses dois mundos é por meio dos chamados projetos de extensão.
Em 2024, a Universidade de Passo Fundo (UPF) disponibilizou 196 bolsas para apoiar a participação de alunos de graduação e pós-graduação em ações de extensão — como projetos, eventos, cursos e prestação de serviços. Com isso, apenas no ano passado, as atividades extensionistas da instituição beneficiaram mais de 180 mil pessoas direta ou indiretamente.

Em entrevista, a diretora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários da Universidade de Passo Fundo, Adriana Bragagnolo, dá mais detalhes a respeito dos programas de extensão da instituição.
O que é um projeto de extensão e qual é o propósito dessa atividade acadêmica?
São atividades processuais de caráter cultural, educativo, social, científico ou tecnológico com objetivos específicos e cronograma determinado. Nessa atuação, os estudantes têm a oportunidade de reconhecer o papel que podem desempenhar na busca por respostas às demandas sociais e se posicionar para contribuir com a melhora da qualidade de vida da comunidade. Os projetos de extensão estão organicamente alinhados com os currículos dos cursos relacionados, a fim de potencializar o processo de formação e de territorialização da universidade.
Quantos são e como estão organizados os projetos de extensão da Universidade de Passo Fundo?
Hoje, temos 60 projetos de extensão, organizados em seis Programas Institucionais de Extensão: P1 - Comunidades e Territórios Sustentáveis; P2 - Territórios da Cultura, Arte e Comunicação; P3 - Territórios da Cidadania, Direitos Humanos e Cultura de Paz; P4 - Territórios da Educação e da Formação Humana; P5 - Territórios da Saúde e do Cuidado; e P6 - Territórios da Inovação, Produção e Trabalho.
Por que a extensão é considerada um dos pilares da Universidade?
Ao lado de ensino, pesquisa e inovação, a extensão é um dos quatro pilares da Universidade no sentido de articular e integrar os processos de formação com os territórios e com a comunidade. Esse pilar promove diálogo entre saberes acadêmicos e saberes populares e tradicionais, troca que enriquece a formação dos universitários e valoriza os conhecimentos das comunidades envolvidas.
Qual é a essência comum entre os programas de extensão da UPF?
Nosso desafio como Universidade Comunitária é promover práticas pedagógicas que impactem os territórios e, ao mesmo tempo, construam oportunidades educativas para uma formação amparada pela indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Entender não apenas a extensão universitária como um modo de aprendizagem, mas também os territórios como espaços formativos, exige a compreensão da construção de arranjos educativos que passam pela vinculação orgânica dos currículos às demandas sociais. Nesse sentido, foi proposta a construção coletiva dos seis Programas Institucionais de extensão, vinculados às oito áreas temáticas da extensão universitária e alinhados à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e aos 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Qual é o panorama de inserção de estudantes nos programas de extensão e do impacto dos projetos na comunidade?
Hoje, temos cerca de 400 estudantes atuando como bolsistas e voluntários no programa PAIDEx, que promove a inserção dos acadêmicos nos projetos de extensão. No processo de monitoramento e avaliação da extensão na UPF, percebemos o impacto profundo e positivo nas comunidades em que as iniciativas são desenvolvidas. Isso é visto em diversas dimensões e áreas de atuação, em uma perspectiva de inclusão de grupos em vulnerabilidade, desenvolvimento local e regional, e transformação social.
Por que essas atividades potencializam a formação acadêmica e preparam os alunos para a realidade de suas profissões?
Os projetos de extensão permitem aplicar em contextos reais o conhecimento teórico aprendido em sala de aula. Essa dinâmica reforça o aprendizado e cria competências técnicas, estimulando a resolução de problemas concretos e a adaptabilidade a diferentes contextos. Além disso, promove o protagonismo dos estudantes no desenvolvimento de autonomia, criatividade e criticidade frente aos processos de formação profissional. A extensão ainda incentiva o compromisso com a transformação social e a formação de profissionais mais conscientes, engajados e comprometidos com o bem comum.