
A religião evangélica é a que mais cresce em número de adeptos em Passo Fundo. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010 para 2022, o número de fiéis saltou de 27,6 mil para 34,6 mil, uma média de 583 novos evangélicos por ano.
Esse movimento pela religiosidade, de forma cada vez mais plural, é visto em todo o Brasil conforme o levantamento: há recuo católico, consolidação evangélica, avanço do grupo “sem religião” e das manifestações de fé afro-brasileiras.
Os 34,6 mil evangélicos de Passo Fundo estão divididos em diferentes vertentes, cada uma com sua forma de culto e costumes que vão dos mais tradicionais até abordagens modernas.
A mais popular é a Assembleia de Deus, criada em 1939, que possui o maior número de fiéis segundo acompanhamento da Associação de Pastores e Ministros Evangélicos de Passo Fundo (Amepas).
O crescimento constante da religião implica em uma mudança no perfil dos cristãos. O pastor da Assembleia de Deus, Ângelo Zanfir, comenta que antes era buscado por famílias ou pessoas mais humildes, mas agora é algo de todas as idades e classes.
— As pessoas se decepcionaram com a religião. Muitos conquistaram o que queriam para as suas vidas, mas continuam vazios, jovens e adultos. O evangelho dá respostas para essa expectativa, quando você conhece a Cristo, seja entrando em uma igreja, ouvindo um louvor ou uma palavra ministrada, traz respostas às tuas buscas — resume.

Um dos exemplos é o professor e músico Nórton Zimmermann de Souza, 46 anos. Católico, por influência da irmã que se tornou pastora em São Paulo, acabou insistindo na leitura da Bíblia.
A religião fez sentido e ele está frequentando a Assembleia há dois meses:
— Primeiro, era inconformado com o batismo da minha irmã, tinha uma visão do crente que grita, que tem o cabelo comprido e achava que não tinha a ver comigo. Depois tentei, mesmo sem fazer sentido para mim, até que a palavra começou a conversar comigo e, quando vi, estava no louvor da igreja.
Ele, que já viveu muitas fases, diz que viu no culto o respeito aos diferentes e a valorização da palavra de Deus.
— Vivi uma transformação de vida. Enxergo coisas que eu fazia que não sinto mais vontade de fazer, e percebo que, seguindo os princípios de Deus, sem deixar lacunas, sinto paz e tranquilidade — resume.
Diferentes abordagens
Entre as abordagens evangélicas, a igreja Bola de Neve difere na forma de comunicar. Mais moderna, há cultos com música pop ou rock e uma linguagem bem mais simples para falar com os jovens ou pessoas que tenham se perdido da religião.
Presente em Passo Fundo há 12 anos, acompanha o crescimento dos cristãos. Conforme o pastor Leandro Trizzini, a maior procura é de jovens e adolescentes, que visitam a igreja em momentos de crises de identidade ou de saúde mental e depois acabam frequentando o espaço.
— A gente trabalha para pegar o algo comum daquelas pessoas — música, skate, cultura — e associar isso com a palavra de Deus. Quando somos jovens, praticamos vícios e aquilo alivia de forma parcial. Aqui damos a opção da pessoa escolher e a palavra ajuda a superar e resistir — pontua.
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