
A colheita da soja foi oficialmente concluída em Passo Fundo e outros 41 municípios do norte gaúcho atendidos pelo escritório regional Planalto da Emater/Ascar RS. A produção média nessa parte do Rio Grande do Sul foi de 40 sacas por hectare, quase 35% a menos do esperado para a safra, de 64 sc/ha.
Além da região Planalto, o Alto Uruguai — que inclui municípios do entorno de Erechim — também concluiu a colheita. Em todo o Rio Grande do Sul, a área colhida é de 95%, conforme o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar na quinta-feira (8).
A produtividade, conforme o informativo, segue "altamente variável", o que reflete maior ou menos déficit hídrico ao longo do ciclo. Na região de Passo Fundo, a queda na produção é reflexo da estiagem enfrentada especialmente nos meses de janeiro, fevereiro e março.
— As situações são variadas. Nas regiões com mais chuvas, a produtividade foi um pouco superior. Por exemplo, Lagoa Vermelha e Ciríaco foram melhores, teve áreas com 55 sacas por hectare. Já a região de Marau e Vila Maria foi pior — disse o coordenador regional da Emater, Oriberto Adami.
Problema que se repete
Na propriedade da Fabiana Venzon, em Passo Fundo, a soja é plantada há 15 anos. Em 420 hectares, a safra deste ano chegou a 30 sc/ha e só não foi pior do que o primeiro plantio, há 14 anos, quando a região passou por seca intensa.
— Na primeira safra de soja aqui na propriedade chegamos a 29 sc/ha, em média. No ano passado foram 72 sc/ha. Agora tivemos mais de 50% de quebra na propriedade, com certeza — disse.
A soja é o carro-chefe da propriedade e a grande responsável pela quitação das contas do local. Neste ano, segundo Fabiana, o lucro não deve sequer pagar o custo da lavoura.

— Temos parcelas de equipamentos que compramos para renovar a frota e também por conta da aquisição de novas áreas. Vai ficar difícil honrar os próximos compromissos. E isso não é uma questão pontual. A nível Estado, já são praticamente cinco anos que não temos uma safra normal — disse.
Tentando encontrar uma solução para a perda, a agricultora afirma que a área de milho deve ser aumentada para o próximo ciclo. Durante o inverno, 30% da área deve receber o trigo, outros 30% canola e o restante será coberto por aveia, ervilhaca e outras culturas de cobertura.