Por Giuliano Suzin, vice-presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro)
O foco de influenza aviária em Montenegro, rapidamente contido com a detecção precoce e atuação contundente dos servidores, colocou em destaque, mais uma vez, o trabalho dos Fiscais Estaduais Agropecuários. Outro caso emblemático foi o foco da doença de Newcastle, em Anta Gorda, no ano passado. A análise destas duas ocorrências instiga uma reflexão: por que a valorização da atividade ocorre apenas quando uma emergência bate à porta? Por que somente nesses momentos somos vistos, lembrados? Infelizmente, os holofotes são efêmeros.
O Estado do Rio Grande do Sul, considerado pelo Ministério da Agricultura um serviço de referência, não pode ser negligenciado nos momentos de calmaria
A atuação da categoria envolve muito mais que os focos de doenças de notificação obrigatória. Vai desde ações de educação sanitária em escolas até a recepção de animais na maior feira da América Latina. Nossas atribuições abrangem um universo de atividades essenciais que asseguram a qualidade dos produtos de origem animal e vegetal que chegam à mesa do consumidor. Também chancela certificações internacionais para exportação. E todo esse trabalho importa.
Os governos precisam valorizar a defesa agropecuária de forma permanente, pois é uma função típica de Estado. Não se pode esperar a "tragédia" para tomar providências _ tivemos um exemplo claro na enchente de 2024. A valorização dos Fiscais Estaduais Agropecuários não passa só pela reposição das perdas salariais. Passa por ter servidores motivados e em número adequado para suprir as demandas e pela estrutura disponível _ veículos, computadores e local de trabalho. Passa pela regulamentação de horas extras e compensação de horas, entre outras melhorias.
O Estado do Rio Grande do Sul, considerado pelo Ministério da Agricultura um serviço de referência, não pode ser negligenciado nos momentos de calmaria. No mês em que celebramos o Dia do Fiscal Estadual Agropecuário (25/6), destinado a homenagear e reconhecer a importância da categoria, fica o questionamento: vamos esperar a próxima ocorrência para compreender a necessidade de valorização contínua? Porque quando a tormenta chegar, nós precisamos dar conta.