Por Samanta Takimi, diretora-presidente da Corsan
A ausência de coleta e tratamento de esgoto é um dos passivos socioambientais mais nocivos do Brasil. Uma marca de uma sociedade que avança em tantas frentes, mas ainda ignora o essencial: o meio ambiente como reflexo do nosso compromisso com a vida. E não há compromisso mais urgente do que tirar do papel a universalização do saneamento. O que por décadas foi invisibilizado hoje salta aos olhos.
Cerca de 7 milhões de gaúchos ainda vivem sem acesso à coleta de esgoto. Todo ano, o equivalente a 162 mil piscinas olímpicas de dejetos retorna ao meio ambiente, no Estado, sem nenhum tratamento. À primeira vista, parece um ataque direto à natureza, mas é, sobretudo, uma crise silenciosa de saúde pública, desigualdade social e oportunidades perdidas.
Mais de 7,3 mil pessoas foram internadas em 2022 no Estado por doenças de veiculação hídrica — todas evitáveis com infraestrutura adequada. Nesse cenário, o custo para a sociedade não é apenas financeiro, mas também de dignidade. Universalizar o saneamento é um passo urgente rumo à justiça ambiental e social.
É o primeiro passo para melhorar todas as outras áreas da vida em sociedade
Quando avançamos em infraestrutura de água e esgoto, o meio ambiente repercute em todas as suas dimensões: reduzimos o peso sobre a saúde pública, melhoramos o desempenho escolar de crianças que estavam expostas ao esgoto e impulsionamos o turismo e a economia local, com rios limpos e natureza preservada.
É nisso que trabalhamos na operação diária da Corsan, em 317 municípios. Uma transformação estrutural para o futuro. Até 2033, serão mais de R$ 15 bilhões investidos, beneficiando mais de 6 milhões de pessoas. Para o esgoto deixar de correr a céu aberto, a rua voltar a ser saudável e o posto de saúde esvaziar.
Cuidar do meio ambiente é o primeiro passo para melhorar todas as outras áreas da vida em sociedade. E o saneamento é o início dessa cadeia: limpa a água, reduz doenças, valoriza cidades, gera empregos, impulsiona o progresso e torna o desenvolvimento possível para todos. É nosso dever viabilizar ferramentas para tirar essa nova realidade do papel.
