Por Halley Lino de Souza, advogado trabalhista e deputado estadual (PT)
O Porto de Rio Grande, situado no extremo sul do Brasil, é um dos mais estratégicos do país. Com infraestrutura moderna, localização privilegiada e alta capacidade operacional, consolidou-se como posto-chave na logística nacional e internacional.
Nos três primeiros meses de 2025 movimentou 9,6 milhões de toneladas de carga, registrando um crescimento de 20,8% em relação ao mesmo período de 2024. Esse resultado representa o melhor primeiro trimestre desde 2015, quase o dobro da média anual da última década. O Porto de Rio Grande tem potencial para atender à crescente demanda da produção gaúcha, garantindo eficiência, tarifas competitivas e mão de obra qualificada, além de perspectivas de ampliação da operacional. No entanto, o futuro logístico do Rio Grande do Sul enfrenta desafios com o projeto do Porto Meridional, previsto para ser implantado em Arroio do Sal. Como proponente da Frente em Defesa do Porto de Rio Grande, ressalto a necessidade urgente de avaliar os impactos desse novo empreendimento. Com investimento estimado de R$ 1,3 bilhão, o Porto Meridional pretende fomentar o desenvolvimento do Litoral Norte e iniciar suas operações em 2028. Porém, sua viabilidade econômica e ambiental é altamente questionável. Especialistas alertam para riscos graves, incluindo impactos na biodiversidade, erosão costeira e a fragmentação da carga gaúcha.
No entanto, o futuro logístico do Rio Grande do Sul enfrenta desafios com o projeto do Porto Meridional
A decisão do governo de classificar o projeto como de utilidade pública acelerou sua implementação sem um estudo aprofundado e sem um debate público adequado. O modelo proposto enfrenta desafios críticos, como a localização em alto-mar, onde as águas naturalmente agitadas representam um obstáculo operacional significativo. Ainda, sua implementação exigiria investimentos públicos substanciais na ampliação dos acessos, tornando o projeto ainda mais complexo. A construção da Ponte sobre a Lagoa Itapeva, para conectar a rodovia federal BR-101 ao empreendimento, exemplifica essas dificuldades. Também, o Porto Meridional não movimentaria novas cargas, o que poderia reduzir em aproximadamente 30% as operações do Porto de Rio Grande.
A sociedade precisa discutir minuciosamente os impactos sociais, ambientais e econômicos antes que decisões irreversíveis sejam tomadas. O desafio não está na escolha entre desenvolvimento e preservação ambiental, mas sim em garantir um crescimento sustentável e estratégico.