Por Eduardo Loureiro, secretário de Cultura e coordenador dos 400 Anos das Missões
No próximo ano, celebraremos os 400 anos das Missões Jesuíticas Guaranis, marco histórico que se revela uma espécie de certidão de nascimento dos gaúchos. As façanhas do heroico momento em que o padre Roque González e o cacique Nhenguiry fundam o povoado de São Nicolau reverberam até hoje na cultura, na economia, nos costumes e no jeito de ser do povo rio-grandense. No cultivo da erva-mate e das primeiras plantações de milho e trigo, nos primórdios da pecuária e na organização de uma sociedade cooperativa, cristã e humanista, aquela fantástica experiência deu origem ao nosso tão propagado DNA.
Aquele feito histórico, ocorrido em 3 de maio do ano de 1626, marca a primeira fase das Missões, que duraria até 1637, quando, diante do violento avanço dos bandeirantes paulistas, foi preciso abandonar as 18 reduções que já se espalhavam por vasto território. Por esse detalhe geográfico, as comemorações perpassam a Região das Missões, área que depois registraria a segunda fase do movimento, com a fundação dos Sete Povos a partir de 1682, em São Borja, até a última das reduções, a de Santo Ângelo Custódio, em 1706.
É um desafio grandioso nesse momento de reconstrução e reafirmação de nossa identidade
Na preparação dos festejos pelos 400 anos em 2026, muito trabalho está sendo realizado pelo governo do Estado, sob liderança do governador Eduardo Leite e do vice Gabriel Souza. E os primeiros resultados já estão aí. Nesta quarta-feira instalamos a comissão oficial com 45 membros, lançamos uma página na web, apresentamos o selo comemorativo, anunciamos os embaixadores dos festejos e assinamos os primeiros 14 convênios com 12 municípios, num investimento superior a R$ 36 milhões. São obras e ações como a construção do Museu da Siderurgia em Entre-Ijuís, local onde, pela primeira vez na América do Sul, o minério da pedra itacuru foi transformado em ferro.
Portanto, as façanhas de outrora inspiram novas jornadas. Preparar o RS para os festejos pelos 400 anos das Missões é um desafio grandioso nesse momento de reconstrução e reafirmação de nossa identidade, semeada lá em 1626, e que seguiremos regando e cuidando para que isso nos guie por muitos séculos ainda.