Por Vilson Noer, presidente da Federação AGV (Associação Gaúcha do Varejo)
Philip Kotler, um dos pais do marketing mundial, afirmou recentemente que os famosos 4 Ps — produto, preço, ponto e propaganda — já não explicam mais, sozinhos, o comportamento do consumidor e a dinâmica do varejo atual. Em seu lugar, surgem os 4 Cs: cliente, custo, conveniência e comunicação. Uma mudança que não é apenas de siglas, mas de mentalidade.
No centro dessa transformação está o consumidor, cada vez mais conectado, informado e exigente. O foco deixa de ser o produto e passa a ser o cliente — suas dores, desejos e expectativas. O preço, que antes guiava decisões, agora cede espaço ao custo total da experiência: não apenas o valor pago, mas também o tempo investido, o esforço de compra e até mesmo os impactos emocionais e ambientais. O ponto de venda, antes fixo, dá lugar à conveniência, com múltiplos canais, acessos físicos e jornada integrada. E a propaganda tradicional se converte em comunicação, baseada no diálogo constante e na construção de confiança e atendimento personalizado.
O futuro do setor passa, inevitavelmente, por essa mudança de paradigma
Essa virada conceitual é um divisor de águas para o varejo — e um ponto de partida para repensar estratégias, reposicionar marcas e redesenhar experiências. O varejo gaúcho conta com empresários que sabem se reinventar e se adaptar a diferentes ocasiões. Temos o frio, por exemplo, que já está chegando e movimenta o comércio tradicionalmente. Vêm por aí o Dia dos Namorados e, no segundo semestre, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e Natal. Fica o convite e o desafio para as lojas se adaptarem, para as marcas ouvirem mais, serem phigitais e venderem melhor, e também para os empreendedores entenderem que tecnologia e empatia precisam caminhar juntas. Inteligência artificial será ferramenta de maior produtividade, e não obstáculo!
A Federação AGV entende que o futuro do setor passa, inevitavelmente, por essa mudança de paradigma. Quem continuar pensando em Ps pode até sobreviver, mas quem abraçar os Cs vai crescer, fidelizar e liderar. O varejo que transforma é o que entende que, no fim das contas, tudo começa — e termina — no cliente.