Por Laura de Andrade, diretora-executiva da Associação Brasileira de Educação, Saúde e Assistência Social (Abess), mestre em gestão educacional e especialista em educação inclusiva
O Dia do Orgulho Autista, comemorado em 18 de junho, foi criado em 2005 por membros da organização Aspies for Freedom (AFF), um grupo fundado por pessoas autistas no Reino Unido. A escolha da data tem um forte simbolismo: trata-se de uma celebração criada por e para pessoas autistas, com o objetivo de afirmar o valor da neurodiversidade e combater o estigma social associado ao autismo.
Diferente de outras datas focadas em conscientização, como o 2 de abril, o Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo, instituído pela ONU, o Dia do Orgulho Autista tem um caráter afirmativo e político. A data traz o reconhecimento do autismo como uma forma legítima de ser, com identidades, singularidades e modos de pensar próprios.
A atuação multidisciplinar nas escolas de todo o Brasil se faz necessária e premente
A data marca a valorização da neurodiversidade, contrapondo-se à patologização, ou seja, trazendo a diversidade neurológica como parte da condição humana, rompendo com o capacitismo e promovendo o respeito às diferenças.
Mais do que uma celebração, esse dia reforça a urgência de garantir direitos fundamentais — entre eles, o acesso à educação de qualidade em ambientes inclusivos, acolhedores e preparados para atender à diversidade, que hoje é o papel fundamental que todas as escolas devem desempenhar.
A atuação multidisciplinar nas escolas de todo o Brasil se faz necessária e premente, colocando em prática os direitos das pessoas com TEA, fazendo com que as equipes pedagógicas das escolas criem estratégias de acompanhamento dos estudantes a partir de suas funcionalidades, traduzindo essas práticas em pertencimento, protagonismo, autonomia e respeito às singularidades dos estudantes.
É urgente que o Brasil avance de forma concreta na construção de políticas públicas capazes de garantir, desde a infância, o acesso de estudantes com autismo a ambientes escolares acolhedores, acessíveis e inclusivos. Celebrar o orgulho autista também implica assumir, como sociedade, em todos os espaços onde estivermos, a responsabilidade de garantir dignidade, justiça e humanidade para todos e todas.