Por Fábio Bernardi, sócio-diretor da HOC
Na semana passada estive no Cannes Lions, o maior festival de criatividade do mundo. Por “festival” entenda-se, de um lado, uma centena de seminários e palestras; de outro, centenas de ativações de marcas como Meta, TikTok, Google, Coca-Cola, Linkedin, Amazon e outras; e, junto com isso, a maior e mais desejada premiação, que não é mais sobre publicidade, mas sobre ideias de comunicação e marketing. Um dos Grand Prix, prêmio máximo do festival, por exemplo, foi para a abertura das Olimpíadas de Paris. Outro, para um livro. E um terceiro, para uma ideia que usou a inteligência artificial para fazer um inventário sobre a Amazônia.
De 2.736 ideias inscritas pelo Brasil no festival, só 11 delas vieram do mercado gaúcho
Reduzir o Cannes Lions a um lugar de publicitários também já não faz mais sentido e não conta toda a verdade. Neste ano passaram por lá Serena Williams, Jimmy Fallon, Reese Witherspoon, a ativista pelos direitos humanos Sonita Alizadeh, os cineastas Peter Jackson (Senhor dos Anéis), Jon Chu (Wicked) e Brady Corbet (Brutalista), o piloto de F-1 Oscar Piastri, o ator e produtor Sterling Brown, o músico James Blake, Marisa Maiô e muitas outras personalidades e creators de diferentes indústrias criativas, sem falar em inúmeros CEOs e vice-presidentes de empresas tão díspares quanto YouTube, Microsoft AI, Louis Vuitton, Unilever, Bloomberg, Amazon, Samsung, L’Oreal, Heineken, Renault, Nestlé, Sephora, e eu podia preencher este texto só com as empresas que estavam em Cannes debatendo o futuro da criatividade e dos negócios. E por falar em negócios, durante o festival foram lançados o VO3, nova plataforma de vídeo por IA do YouTube, um novo reality global dirigido por Jimmy Fallon e uma nova marca de narrativas femininas de Reese Witherspoon, tudo isso em apenas um dia. E se formos falar em novidades focadas na indústria criativa, só a Meta lançou 10 novas soluções baseadas em inteligência artificial para agências e anunciantes — que, por sinal, estiveram em peso neste ano no festival, com quase um terço dos inscritos.
De tudo que vi por lá, o que mais me impressionou foi a conferência de Mark Ritson, que fez um mini-MBA em Marketing, de 45 minutos, provando que — e qual — criatividade funciona. E conto tudo isso para vocês porque, de 2.736 ideias inscritas pelo Brasil no festival, só 11 delas vieram do mercado gaúcho. Em mais de 14 mil pessoas inscritas, não havia uma dezena de profissionais que trabalham aqui no Estado. Faz pensar, não?