Por Elisa Simão, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Rio Grande do Sul (Ibef-RS) e sócia da PwC Brasil
O ambiente corporativo global passa por transformações aceleradas. A 28ª CEO Survey, pesquisa elaborada pela PwC, aponta que 45% dos CEOs acreditam que suas empresas não sobreviverão mais de uma década sem se reinventarem. No Brasil, essa urgência se manifesta na expansão para novos setores: 45% dos executivos entraram em segmentos inéditos nos últimos cinco anos, acima da média global de 38%. Desses, 39% geraram 20% ou mais da receita a partir dessas novas frentes.
É fundamental admitir que o ritmo de reinvenção ainda é lento no Brasil na média de mercado
A oferta de serviços financeiros pelos varejistas, por exemplo, vem denotando uma clara e crescente quebra de barreiras setoriais nos últimos anos e gerando impacto direto nos resultados neste segmento. As ações que promovem a reinvenção passam também pela busca de novas bases de clientes, como os grandes varejistas do RS, que ampliam sua atuação no atacarejo.
Mas é fundamental admitir que o ritmo de reinvenção ainda é lento no Brasil na média de mercado. Na prática, somente 8% da receita das empresas veio de novos negócios no mesmo período, conforme respostas dos executivos. Portanto, é perceptível que o exercício da reinvenção é ainda mais desafiador em um cenário de aumento de gastos públicos e juros altos, que limitam o crédito e desestimulam investimentos.
Sendo assim, a aplicação de tecnologia e da inteligência artificial, de forma responsável e segura, passa a ser ainda mais relevante, principalmente quando o foco das companhias for conciliar ganhos de eficiência nos seus processos. De acordo com a pesquisa, 52% dos executivos brasileiros relatam que a IA generativa resultou em ganhos de eficiência no uso do tempo dos funcionários, enquanto 34% identificaram aumento de receita, e 31% aumento de lucratividade.
Portanto, empresas cujos líderes reconhecem a urgência da transformação, adotam a IA de forma responsável, investem com foco estratégico e se adaptam às mudanças do mercado têm maior potencial de gerar valor e crescer de forma sustentável, mesmo em cenários econômicos desafiadores.