Por João Rocha, gerente da Fundação O Pão dos Pobres de Santo Antônio
Um ano após as enchentes de maio de 2024, a Fundação O Pão dos Pobres —uma das mais tradicionais instituições sociais do Rio Grande do Sul — mostra que resistir também é um ato de fé e compromisso. Fundada há 130 anos, enfrentou novamente a força das águas e saiu ainda mais forte.
As enchentes deixaram marcas profundas na pele, na memória e na alma dos gaúchos. Em Porto Alegre, a Fundação viu, pela segunda vez (1941 e 2024), sua sede ser invadida. Projetos foram interrompidos, estruturas danificadas e a rotina foi desfeita. Mas o que a água tentou levar não era só concreto: era história. Era afeto. Era um lar.
A missão da Fundação é transformar realidades por meio do acolhimento, da assistência social e da aprendizagem. Em mais de um século, tem sido porto seguro para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, oferecendo abrigo e oportunidades de vida digna.
A Fundação é mantida por doações e parcerias com a sociedade civil
Quando as águas tomaram os mais de 20 mil metros quadrados da sede, chegando a dois metros de altura em algumas áreas, parecia que tudo desmoronaria — menos a esperança. O espírito do Pão dos Pobres seguiu firme, como um farol na tormenta.
Esse exemplo de resistência mobilizou um novo ciclo. Doações, apoio e solidariedade reacenderam o propósito de zelar por esse espaço de cuidado e afeto. O que parecia ruína virou reconstrução.
A Fundação é mantida por doações e parcerias com a sociedade civil. Cada gesto de apoio ajuda a manter vivo um legado de mais de 100 mil vidas impactadas ao longo da história. Cuidar de quem cuida é um ato de cidadania.
Graças a esse movimento coletivo, voltamos ao nosso lugar: o de fazer a diferença. Hoje, celebramos um novo tempo — de projetos retomados, de olhos voltados ao futuro com responsabilidade e coragem.
No fim, não é o vento que define o destino, mas a direção que damos às velas.