Por Tiago Dinon Carpenedo, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Neste mês em que tenho a honra de assumir a presidência do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), faz sentido para mim abordar uma manifestação antiliberal clara de nossos tempos que será um desafio para todos nós neste ano: o autoritarismo.
O que é um comportamento autoritário? Talvez o provérbio "manda quem pode, obedece quem tem juízo" capte bem o conceito.
O Estado é uma formatação social em que todos nós renunciamos a parte de nossas liberdades em troca da garantia das demais. Esse "acordo" é executado por meio do uso da força, e deve ter como fundamentos a imparcialidade e a busca da justiça. Ao ser autocontido na sua atribuição principal, o Estado permite que as sociedades se desenvolvam de forma livre.
Ao se aliar a países autoritários e antiocidentais, o Brasil toma o lado equivocado
Podemos considerar que a contenção funciona como um copo de vidro que segura a água dentro dele (o poder do Estado). A história nos mostra que, quando o Estado amplia seu escopo de atuação, incorre na cassação das demais liberdades da população. O copo é vazado, e ninguém tem certeza para que lado a água escorrerá.
Os regimes ditatoriais são a face mais evidente. Mas o processo de aumento do autoritarismo é gradual e errático.
Ao aumentar sua participação na economia, concorrendo com a iniciativa privada e descuidando de seu orçamento, o Estado gera uma crise fiscal com efeitos futuros nefastos para a população.
Ao consentir com o ativismo judicial nas mais altas cortes, nosso país escolhe que as autoridades não precisam se ater à legislação. Ao se aliar a países autoritários e antiocidentais, o Brasil toma o lado equivocado do tabuleiro global.
A despeito dessa visão negativa, trago a parte positiva: quem segura o copo somos nós, a população.
Alguns acham que o vidro do copo está estilhaçado. Outros, que o copo está furado ou mesmo quebrado. Como sociedade, precisamos ter a coragem e a sabedoria para conter o autoritarismo. Como disse o economista francês Frédéric Bastiat: "É preciso optar. O cidadão não pode, ao mesmo tempo, ser livre e não ser".