Por Bruno Eizerik, diretor da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep)
Foi publicado o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023. Isto mesmo, em 2025 recebemos os dados de 2023. Esta defasagem já é uma prova de como tratamos a educação em nosso país. Nosso sistema bancário é o mais evoluído do planeta, temos o resultado das eleições em poucas horas após o pleito, mas demoramos dois anos para receber o resultado da aprendizagem dos nossos alunos.
Estudando os números, a conclusão a que chegamos é de que quanto mais nossos alunos ficam na escola, menos eles aprendem. Como a prova do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) é realizada por todos os alunos da rede pública e na rede privada a prova é realizada de forma amostral, nossa análise se concentrará nas escolas públicas.
É assustador que no 5° ano do Ensino Fundamental, quando é feita a primeira avaliação da disciplina de português, em média um a cada dois alunos (55%) tenha aprendido o que era esperado. No final do Ensino Médio a situação é ainda pior: a cada três alunos, apenas um aprendeu o esperado (33%). Em matemática o resultado é mais desesperador. A cada 10 alunos, no 5° ano do Ensino Fundamental, quatro alunos aprenderam o que era esperado (44%). O estarrecedor é que no final do Ensino Médio a cada 100 alunos, cinco aprenderam o que era esperado, ou seja, 5%.
Esta defasagem já é uma prova de como tratamos a educação em nosso país
Além de os nossos alunos aprenderem cada vez menos durante sua vida escolar, e seguirem sendo aprovados, o resultado vem piorando com o tempo. Vale lembrar que tivemos a pandemia em 2020, o que se refletiu no péssimo Ideb de 2021. Excluindo o ano de 2021 e comparando os resultados entre os anos de 2023 e 2019, em nenhuma avaliação o resultado de 2023 é melhor do que o obtido em 2019, quatro anos antes, ou seja, seguimos ladeira abaixo.
Que futuro podemos esperar, quando ao final do 2° ano do Ensino Fundamental, menos da metade dos alunos (49%) domina uma simples leitura? Nossa escola, em função do descaso pela educação, se transformou em uma fábrica de analfabetos funcionais.