Por Flavia Ranieri, arquiteta
O brasileiro vem de uma cultura familiar onde as pessoas idosas vão morar com os filhos quando não conseguem mais viver sozinhas ou os filhos assim o acham. O idoso nunca teve voz nesta questão. Hoje, o perfil tem mudado. Muitos idosos não têm filhos, outros não podem contar com os que têm. Há os que podem, mas simplesmente não querem dar trabalho ou sair de casa. O que mudou, é que hoje o idoso tem mais voz. E eles buscam novas formas de morar. No entanto, ainda não temos um modelo validado e aceito pelo público brasileiro. Muito se trabalha com a culpa que a família sente ou com as ofertas inadequadas. Mas estamos caminhando. Há vários tipos de residenciais hoje em dia em que nada se assemelham com os antigos asilos. Eles promovem o bem-estar, atividades físicas, culturais, sociais. Estão realmente buscando o significado amplo de envelhecimento saudável.
A escolha do local vai depender das necessidades. Sejam elas físicas, psicológicas ou mesmo sociais. Um idoso independente pode continuar morando em casa. Mas a casa precisa ser segura e adequada. Este é o mundo ideal? Talvez não, se ele está isolado. Um local onde possa fazer novas amizades ou mesmo ficar mais próximo das antigas pode ser, sim, o ideal.
Agora, se a pessoa já precisa de apoio e cuidados físicos, ela tem outras opções. Há residenciais que você paga no estilo pay-per-use. Ou seja, se você está bem, paga um condomínio normal. Se precisa de assistência de saúde, paga somente o que usa.
Se a assistência é diária e precisa de mais atenção, há os residenciais com mais estrutura e, consequentemente, mais caros.
Há os que são intergeracionais e outros de uso misto para todos os graus de dependência, misturando serviços, comércio e moradia.
O que eu não vejo são os investidores perguntando aos idosos o que eles querem. Qual a melhor forma de morar pra eles? Enquanto isto não acontecer, ainda vamos patinar muito até chegar a um modelo ideal.
A série Ideias para o Futuro 60+ tem apoio de Unimed Federação/RS