"Senta aqui", disse meu avô. "Quero te pedir uma coisa", completou o homem duro, mas sempre carinhoso comigo. Eu tinha uns oito ou nove anos. "Quando te casares, não coloca o nome do marido, viu?" Não que ele fosse um homem vanguardista. Aquela conversa bem interesseira ocorreu à sombra de um cinamomo em uma tarde quente das férias de verão na longínqua década de 80. Meus avós tiveram 10 filhas – e a mãe foi a quarta a nascer. Meu avô ardilosamente fez o pedido para preservar o próprio nome. Afinal, o "natural", quando eu e minhas primas casássemos, seria tirar o sobrenome materno para colocar o do marido. Nunca esqueci aquela conversa.
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