Pedro Dutra Fonseca
As crises graves levam-nos a tomar medidas insensatas e impensadas, as quais depois da tempestade revelam-se desastrosas. Isso vale para indivíduos e governos. É o caso da proposta de extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Esta tem por missão levantar dados e subsidiar pesquisas sobre variáveis absolutamente relevantes para o conjunto da sociedade, como de produção, emprego e indicadores sociais. Tal tarefa não pode ser transferida ao setor privado ou a entidades patronais ou de trabalhadores, pois precisa ter fé pública, imparcialidade, e não depender de contratos temporários e trocas de equipe: séries históricas não podem ser interrompidas e devem valer-se de metodologia transparente e duradoura, caso contrário tornam-se inúteis. São dados que uma vez produzidos devem ter acessibilidade sem custo, pois dizem respeito a todos os cidadãos e têm consumo "não rival", ou seja, o uso por um não impede o de outro. Daí "estatística", etimologicamente, vir de Estado e a FEE é instituição mais de Estado do que de governo – e por isso uma fundação, como a que temos, é mais apropriada do que uma secretaria, pois estas são, por sua natureza, eminentemente políticas.