
A brasileira Carla Weisberg, moradora de Sderot, cidade que fica cerca de três quilômetros da Faixa de Gaza, conta que o silêncio tomou conta da região nos últimos dias. Ela concedeu entrevista à Rádio Gaúcha nesta segunda-feira (13) – dia em o grupo terrorista Hamas libertou reféns israelenses capturados durante a guerra e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou o fim do conflito.
— Fazem dois dias que nós estamos num silêncio, que eu até comentei com meu marido, que parece que estamos em outro país. Foram dois anos muito difíceis aqui para a gente — disse em entrevista ao Timeline.
A calmaria contrasta com o que ela viveu nos últimos dois anos, especialmente no dia 7 de outubro de 2023 – quando o Hamas invadiu Sderot, cidade onde ela mora com com o marido, duas filhas e a sobrinha. A brasileira conta que, de "uma fresta" na janela do seu quarto, viu os terroristas do grupo palestino rondando seu condomínio e entrando em casas ao redor naquela manhã.
— Eu fui acordar seis e meia da manhã, com os mísseis. Começamos a ouvir tiros, uma coisa inexplicável, que nunca existiu. A hora que eu abro a janela um pouco, uma frestinha, eu vejo os terroristas na rua de trás. Eles rodearam o meu quarteirão, mas não entraram no meu prédio, entrar no prédio ao lado, nas casas — relembra sobre o dia 7 de outubro de 2023.
— Todas as pessoas que estavam na rua aquele dia, elas foram mortas — conta.
E a libertação dos reféns nesta segunda-feira emocionou Carla, que diz que tem sido um dia "muito especial" em Israel e revelou ter chorado mais de uma vez.
Dor coletiva
O Timeline também entrevistou Miriam Zlochevsky Tunchel, brasileira que está em Hod Hasharon, região próxima de Tel Aviv. Ela conta que os israelenses estavam ansiosos por este momento da libertações dos reféns, mas mantinham cautela por medo de algo dar errado.
Conforme Miriam, mesmo aqueles israelenses que não tiveram parentes ou conhecidos sequestrados durante a guerra também sentiam a dor do conflito com o Hamas.
— O que eu mais senti em todo esse tempo foi esse senso de coletivo. As pessoas estavam esperando o seu irmão, o seu pai, a sua mãe, não importa se eles eram parentes de sangue — disse.
A libertação dos reféns nesta segunda-feira mobilizou o povo, conta Miriam. A brasileira relata que há "ruas fantasmas", porque os israelenses estão em frente à televisão acompanhando cada movimento do fim da guerra.
