
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quarta-feira (8), que Israel e o Hamas chegaram a um acordo para a assinatura da primeira fase do plano de paz. A declaração foi publicada na rede do republicano, a Truth Social. Israel e Hamas confirmaram o acordo.
Nesta primeira fase, estão previstos cessar-fogo, entrada de ajuda humanitária em Gaza e a libertação de reféns, o que pode ocorrer a partir de sábado (11), de acordo com os envolvidos nas negociações. A assinatura do acordo está prevista para ocorrer nesta quinta-feira (9), no Egito.
Ao anunciar o acordo, Trump celebrou a conquista, agradeceu aos países mediadores, como o Catar, o Egito e a Turquia, e citou que "todas as partes serão tratadas com justiça".
"Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso Plano de Paz. Isso significa que TODOS os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos em direção a uma paz forte, duradoura e duradoura", escreveu Trump.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que é "um grande dia para Israel" e confirmou que se reunirá com a cúpula do governo para aprovação interna do texto: "Amanhã convocarei o governo para aprovar o acordo e trazer todos os nossos queridos reféns para casa".
O Hamas, por sua vez, afirmou que foi alcançado "acordo que prevê o fim da guerra em Gaza" e citou que 20 reféns israelenses com vida serão trocados por quase 2 mil prisioneiros palestinos. A troca, segundo o grupo terrorista, ocorrerá 72 horas após a implementação do acordo.
Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, que participou das negociações, afirmou que detalhes dessa primeira etapa "serão anunciados posteriormente". Ele garantiu, no entanto, que além da liberação de reféns, o acordo prevê a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Acordo ocorre após dois anos de guerra
O acordo para primeira etapa do plano de paz, proposto por Donald Trump, ocorre dois anos depois do início da guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
O plano de 20 pontos foi anunciado em setembro por Trump e prevê, além de um cessar-fogo, a retirada gradual do exército israelense de Gaza e o desarmamento do Hamas.
No entanto, detalhes da primeira fase dessa proposta não foram divulgados. Com isso, não se sabe quais ações foram aceitas por Israel e Hamas.
O que diz o plano de paz
Fim imediato da guerra e troca de reféns e prisioneiros
- O cessar-fogo ocorreria logo após a aceitação do plano
- Israel libertaria prisioneiros, enquanto o Hamas devolve todos os reféns
- A troca incluiria também restos mortais de reféns
Ajuda humanitária e reconstrução de Gaza
- Entrada imediata de alimentos, água, energia, hospitais e infraestrutura
- Equipamentos para limpar escombros e reabrir estradas seriam autorizados
- Distribuição feita pela ONU, Crescente Vermelho e outras entidades neutras
Nova governança em Gaza
- Um comitê palestino tecnocrático e apolítico assumiria a gestão local
- Esse órgão será supervisionado pelo “Conselho da Paz”, presidido por Trump
- O objetivo é preparar o retorno da Autoridade Palestina após reformas
Desmilitarização e anistia ao Hamas
- Toda infraestrutura militar e de túneis seria destruída sob monitoramento internacional
- Integrantes do Hamas poderiam entregar armas e receber anistia
- Quem desejasse sair teria passagem segura para outros países.
Segurança internacional e futuro político
- Uma Força Internacional de Estabilização treinaria a polícia palestina
- Israel se retiraria gradualmente, mantendo apenas um perímetro de segurança temporário
- O plano prevê caminho para autodeterminação palestina e coexistência pacífica
Principais acontecimentos na guerra entre Israel e Hamas
7 de outubro de 2023: terroristas atacam o território israelense por terra, água e ar, promovendo um massacre e fazendo cerca de 200 reféns
8 de outubro de 2023: Israel declara guerra contra o Hamas, inicialmente bombardeando alvos na Faixa de Gaza, enclave palestino a partir do qual o grupo opera
10 de outubro de 2023: parte de Tel Aviv, em Israel, o primeiro avião da Força Aérea Brasileira com 211 brasileiros resgatados da região de conflito
26 de outubro de 2023: Israel inicia incursões por terra, com tanques e tropas, na Faixa de Gaza
10 de novembro de 2023: é autorizada a saída de um grupo de brasileiros que estava na Faixa de Gaza. Eles deixam a região pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, e desembarcam no Brasil no dia 13
15 de novembro de 2023: o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprova uma primeira resolução sobre o conflito. O texto, proposto pelo governo de Malta, prevê pausas nos ataques, abertura de corredores humanitários e liberação de reféns
21 de novembro de 2023: um primeiro acordo de cessar-fogo temporário é assinado
24 de novembro de 2023: inicia-se uma trégua de uma semana, com libertação de reféns e prisioneiros e entrada de ajuda humanitária em Gaza
1º de dezembro de 2023: com trocas de acusações sobre descumprimento dos termos de ambos os lados, a trégua é rompida
3 de dezembro de 2023: o conflito começa a se expandir, com rebeldes houthis do Iêmen atacando navios ligados a Israel
1º de janeiro de 2024: Israel retira tropas da Faixa de Gaza e fala em "nova fase" da guerra
7 de janeiro de 2024: as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmam que concluíram as operações no norte da Faixa de Gaza ao desmantelar a infraestrutura militar do Hamas e dizem que vão focar nas áreas central e sul do enclave
25 de março de 2024: o Conselho de Segurança da ONU aprova, com 14 votos favoráveis e abstenção dos Estados Unidos, uma resolução pedindo cessar-fogo imediato no conflito entre Israel e Hamas, durante o período do Ramadã — mês sagrado para os muçulmanos, celebrado entre 10 de março e 9 de abril
1º de abril de 2024: bombardeio contra consulado iraniano em Damasco, capital da Síria, mata autoridade militar do Irã. Ação é atribuída a Israel
13 de abril de 2024: Irã lança mísseis contra Israel. A maior parte é interceptada pelo sistema de defesa antiaérea
24 de maio de 2024: a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordena que Israel suspenda ataques na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e também determina que o Hamas liberte imediatamente os reféns israelenses que ainda mantinha
10 de junho de 2024: uma nova resolução demandando cessar-fogo imediato é aprovada na ONU. Este texto, apresentado pelos Estados Unidos, recebeu voto favorável de 14 países-membros, enquanto o governo russo se absteve
30 de julho de 2024: bombardeio israelense mata o comandante militar do Hezbollah, Fuad Shukr, perto de Beirute, no Líbano
31 de julho de 2024: líder do Hamas, Ismail Haniyeh, é morto em Teerã, capital do Irã, em ação atribuída a Israel
25 de agosto de 2024: o grupo libanês Hezbollah promove amplo ataque aéreo contra Israel. Em resposta, o exército israelense bombardeia o sul do Líbano
26 de agosto de 2024: Itamaraty recomenda que cidadãos brasileiros deixem o Líbano
28 de agosto de 2024: Israel inicia operação militar contra grupos armados na Cisjordânia
1º de setembro de 2024: exército de Israel encontra corpos de seis reféns, capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, em túnel no sul de Gaza
17 e 18 de setembro de 2024: explosões de pagers e walkie-talkies, dispositivos de comunicação, que estariam de posse de membros do Hezbollah, causam ao menos 37 mortes e deixam milhares de feridos no Líbano
27 de setembro de 2024: o exército israelense afirma que "eliminou" o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio realizado em Beirute, no Líbano
30 de setembro de 2024: o exército de Israel inicia "incursões terrestres seletivas" no sul do Líbano. As operações militares, apoiadas por ataques aéreos e de artilharia, têm como alvo combatentes do grupo Hezbollah
1º de outubro de 2024: Irã lança novos ataques aéreos contra Israel. Exército israelense diz que foram usados mísseis balísticos, que podem conter carga nuclear, pela primeira vez. A Guarda Revolucionária do Irã afirma tratar-se de resposta às mortes de líderes do Hezbollah
1º de outubro de 2024: dois homens armados com um fuzil e uma arma branca matam sete pessoas em uma estação de trem de Tel Aviv, em Israel. A autoria da ação foi reivindicada pelo grupo Hamas
17 de outubro de 2024: líder militar do Hamas apontado como mentor dos ataques de 7 de outubro de 2023, Yahya Sinwar, é morto em Gaza
25 de outubro de 2024: Israel lança ataques aéreos contra o Irã. Os alvos seriam instalações militares. O governo iraniano diz ter "obrigação de se defender", elevando a tensão na região
27 de novembro de 2024: inicia-se um cessar-fogo entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, interrompendo os conflitos no Líbano por ao menos 60 dias
2 de dezembro de 2024: o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que os responsáveis vão "pagar caro" caso os reféns israelenses na Faixa de Gaza não sejam libertados até 20 de janeiro
15 de janeiro de 2025: após meses de negociações, sediadas no Catar, Hamas e Israel firmam acordo de cessar-fogo que prevê interrupção dos conflitos na Faixa de Gaza e libertação dos reféns israelenses
19 de janeiro: data prevista para o início do cessar-fogo na Faixa de Gaza
20 de fevereiro de 2025: o Hamas devolve os corpos de quatro reféns, incluindo duas crianças, de quatro anos e nove meses
22 de fevereiro de 2025: o Hamas libera o corpo de mais uma refém, identificada como Shiri Bibas, a mãe dos meninos de quatro anos e de nove meses. Outras seis pessoas são libertadas com vida
26 de fevereiro de 2025: após um impasse entre Israel e o Hamas, mediado pelo governo do Egito, os corpos de outros três reféns são devolvidos. Israel, por sua vez, liberta 600 prisioneiros palestinos
12 de maio de 2025: o Hamas liberta o israelense-americano Edan Alexander, 21 anos. Ele havia sido aprisionado pelos terroristas nos ataques de 7 de outubro de 2023
13 de junho de 2025: Israel realiza um ataque contra o Irã. Explosões foram ouvidas nos arredores de Teerã, capital iraniana. Após a ofensiva, a imprensa iraniana confirmou que o chefe da Guarda Revolucionária local, Hossein Salami, morreu. As forças armadas do país prometeram "uma resposta forte"
24 de junho de 2025: após ataques mútuos, Irã e Israel declaram vitória e anunciam "fim da guerra de 12 dias"
22 de agosto de 2025: ONU declara fome generalizada em Gaza e Israel diz que relatório é "baseado em mentiras do Hamas"
9 de setembro de 2025: Israel bombardeia Doha, capital do Catar, em operação contra líderes do Hamas
22 de setembro de 2025: países como França, Bélgica, Luxemburgo, Malta, Andorra, Mônaco, Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal reconhecem o Estado da Palestina
26 de setembro de 2025: com plateia esvaziada na ONU, Netanyahu diz que "Israel precisa terminar o serviço" em Gaza
3 de outubro de 2025: Trump dá ultimato ao Hamas para aceite de acordo de paz em Gaza e diz que, em caso de negativa, grupo viverá um "inferno total"
7 de outubro de 2025: brasileiros que estavam em flotilha que seguia para Gaza são deportados de Israel para Jordânia
8 de outubro de 2025: o presidente Donald Trump anuncia acordo entre Israel e o Hamas para a assinatura da primeira fase do plano de paz





