
Israel afirmou nesta quinta-feira (9) que todas as partes assinaram a versão final da primeira fase do acordo com o Hamas para um cessar-fogo em Gaza e a libertação dos reféns israelenses após dois anos de guerra. Este acordo entre Israel e Hamas foi elaborado a partir de um plano de 20 pontos apresentado pelo presidente americano, Donald Trump, e prevê a libertação dos reféns israelenses vivos em troca da soltura de cerca de 2 mil presos palestinos.
Trump declarou nesta quinta-feira que os reféns devem ser liberados na próxima segunda-feira (13) ou terça-feira (14). O presidente dos Estados Unidos falou à imprensa durante uma reunião de gabinete na Casa Branca, na qual ressaltou que o seu plano "encerrou a guerra em Gaza".
A proposta ainda deve ser aprovada pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um encontro de seu gabinete de segurança que iniciou por volta das 13h30min (horário de Brasília).
Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, território devastado e assolado pela fome extrema, segundo a ONU, os palestinos aplaudiram, gritaram de alegria e dançaram após o anúncio do acordo, segundo imagens da AFP.
— Apesar de todos os mortos e da perda de entes queridos, hoje estamos felizes com o cessar-fogo. Apesar da tristeza e apesar de tudo, estamos felizes — afirmou Aiman al Najar.
Na praça dos reféns, em Tel Aviv, as pessoas também se abraçaram e comemoraram o anúncio que dá esperança de um retorno dos cerca de 20 sequestrados que seguem vivos.
Ainda persistem dúvidas sobre outros temas propostos pelo presidente americano, como o desarmamento do Hamas e a gestão de Gaza após a guerra por uma autoridade de transição chefiada por ele mesmo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou "um grande dia para Israel" e disse que Trump deveria receber o Prêmio Nobel da Paz.
Trump em Israel
A presidência de Israel afirmou que espera a visita de Trump a Jerusalém no domingo (12). O governo informou que o cessar-fogo começará nas 24 horas seguintes à sua aprovação pelo gabinete de segurança do governo israelense, uma frágil coalizão liderada pelo partido Likud de Netanyahu, mas dependente de outros partidos de extrema direita.
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, um aliado crucial do partido Sionismo Religioso, já antecipou que não vai apoiar o acordo. O pacto visa pôr fim a dois anos de guerra em Gaza, que deixou 1.219 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP a partir de dados oficiais.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 67.183 mortos em Gaza, também civis em sua maioria, segundo dados do ministério da saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
A porta-voz do governo israelense declarou que o preso palestino Marwan Barghuti, um proeminente membro do Fatah, facção palestina rival do Hamas, não fará parte da troca.
Bombardeios continuam
Após o anúncio, a Defesa Civil de Gaza informou que os bombardeios israelenses continuaram no território. Para que o intercâmbio se concretize, o exército israelense anunciou que prepara a retirada de suas tropas na Faixa de Gaza, cujo território controla em aproximadamente 75%.
Trump anunciou em sua plataforma Truth Social que "Todos os reféns serão libertados em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha acordada, como os primeiros passos para uma paz forte, duradoura e eterna".
Das 251 pessoas sequestradas pelo movimento islamista no ataque de outubro de 2023, 47 permanecem em Gaza, 25 das quais teriam morrido, segundo o exército israelense. O Fórum das Famílias de Reféns, principal organização de familiares dos sequestrados, convidou o presidente americano a se reunir com seus representantes quando visitar Israel.
Ajuda humanitária
O Hamas pediu a Trump que pressione Israel para aplicar o acordo plenamente. Segundo uma fonte do movimento islamista, está previsto que pelo menos 400 caminhões de ajuda humanitária entrem diariamente na Faixa nos primeiros cinco dias de cessar-fogo. A organização Crescente Vermelho egípcia afirmou, nesta quinta-feira, que 153 caminhões com ajuda humanitária estão a caminho da Faixa de Gaza.
A Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), organismo apoiado pela ONU, declarou estado de fome extrema em Gaza e uma agência das Nações Unidas atribuiu a situação à "obstrução sistemática de Israel", uma afirmação desmentida pelos israelenses.
Quase uma em cada seis crianças sofrem de desnutrição aguda em Gaza por causa da guerra, segundo um estudo publicado na revista The Lancet e financiado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos.




